Gestão e Estratégia em Negócios Internacionais

Goethe: uma uva com sentimento - perspectivas e desafios

Goethe: uma uva com sentimento - perspectivas e desafios
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Santa Catarina tem reconhecimento nacional e internacional pela qualidade dos vinhos que produz. E a região da Indicação de Procedência dos Vales da Uva Goethe está intimamente ligada à cultura e tradição na produção da uva e vinho Goethe (savoir faire ou fator humano), apresentando solos e condições climáticas distintas (fatores naturais).

O nome “Goethe” foi escolhido quando a variedade foi criada em 1851, pelo horticulturista Edward Staniford Rogers, na cidade de Salem (Massachusetts/EUA), em homenagem ao escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe.

Esta variedade foi levada pelos imigrantes italianos quando chegaram ao Sul de Santa Catarina, sendo a única que se destacou, dentre as várias testadas, se adaptando bem ao solo e ao clima da região, com frutos de ótimo aroma e sabor. Há mais de um século é produzido o vinho da uva Goethe na região pelas famílias que se estabeleceram na Colônia Azambuja (Pedras Grandes) e, Urussanga fazia parte.

O vinho branco diferenciado foi apreciado pelo presidente Getúlio Vargas, o qual decretou que seria a bebida oficial do Palacio do Catete, na década de 1940.

O reconhecimento da “Indicação de Procedência” (IP) ocorreu em 2012, com a concessão do registro publicado na Revista de Propriedade Industrial do INPI, sob n°. 2.145, em 14 de fevereiro. Foi o reconhecimento da primeira indicação geográfica do Estado de Santa Catarina.

Após o reconhecimento da IPVUG foi possível observar algumas vantagens econômicas importantes. Já após dois anos de concessão do registro, as vinícolas começam a perceber um aumento nas vendas do vinho Goethe em média 20% e, dos espumantes, por volta de 30%, segundo apontado pelo presidente da ProGoethe na época, Renato Damian. Estes produtos colocados no mercado são controlados pelo Conselho Regulador (CR) a partir das normas implementadas pelo Caderno de Especificações Técnicas (CET).

São reconhecidas como vantagens da IPVUG: reconhecimento da identidade cultural do território como diferencial competitivo; valorização do produto e da sua terra; divulgação de seus produtos; melhoria qualitativa dos produtos, bem como o padrão tecnológico; preservação das características e da tipicidade dos produtos, que constituem num patrimônio de cada região, entre outros.

Considera ainda, outro reflexo importante do reconhecimento da IPVUG, se refere ao acesso a novos mercados. Este fato possibilitou que as vinícolas comercializem seus produtos para fora do estado de Santa Catarina (tais como São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal, entre outros).

 E, uma nova possibilidade tem se construído para os produtores da região da IPVUG, a partir do Programa de Qualificação para Exportação – PEIEX Criciuma/Lages, coordenado pelo Prof Dr. Júlio César Zilli e vinculado à Apex Brasil e a Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), quando se propõe novos nichos para o mercado internacional, tais como Hong Kong e Coréia do Sul.

Portanto, se infere que as indicações geográficas (IG’s) possibilitam o desenvolvimento territorial aproveitando o conjunto natural da sua região, o patrimônio histórico, o saber fazer, criando um “processo de qualificação” que permite uma adequada colocação de seus produtos em mercados dinâmicos, as habilidades artísticas, culinárias e a tradição folclórica de uma determinada população, em busca da melhoria da qualidade de vida.

ADRIANA CARVALHO PINTO VIEIRA

Bolsista de Pós-doutorado Sênior do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (INCT/PPED).

Especialista em Indicação Geográfica e colaboradora externa do projeto de extensão "Qualificação para o empreendedorismo internacional em empreendimentos rurais de vitivinicultores dos Vales da Uva Goethe – SC."

SAIBA MAIS SOBRE O PROJETO

Qualificação para o empreendedorismo internacional em empreendimentos rurais de vitivinicultores dos Vales da Uva Goethe – SC.

Liderado pelo Prof. Dr. Júlio César Zilli, o projeto aprovado via Edital nr. 358/2020, tem por objetivo desenvolver atividades de extensão industrial universitária qualificando produtores rurais - vitivinicultores – no empreendedorismo internacional, por meio do desenvolvimento do Plano de Negócio para Exportação, considerando a agregação de valor aos produtos pela incorporação da Indicação de Procedência no Vales da Uva Goethe (IPVUG).

A partir do objetivo geral, delimitou-se os seguintes objetivos específicos:

a) Capacitar a equipe de extensão quanto a Indicação de Procedência no Vales da Uva Goethe - IPVUG;
b) Diagnosticar a situação atual dos empreendimentos rurais envolvidos;
c) Elaborar um plano de trabalho a partir da situação atual dos empreendimentos rurais envolvidos;
d) Realizar a qualificação dos proprietários rurais quanto ao empreendedorismo e acesso aos mercados internacionais;
e) Desenvolver o plano de negócios para exportação do empreendimento, considerando o alinhamento com as estratégias de negócios do IPVUG, respeitando as individualidades culturais dos envolvidas.

16 de março de 2023 às 11:46
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