Gestão e Estratégia em Negócios Internacionais

Reflexos do conflito Rússia x Ucrânia nas relações comerciais brasileiras

Reflexos do conflito Rússia x Ucrânia nas relações comerciais brasileiras
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O atual conflito entre Ucrânia e Rússia tem chamado a atenção de todo o mundo. Não somente pelo agravamento da situação do ponto de vista bélico, afetando a vida de milhares de civis, mas também por todo o seu contexto econômico, haja vista o impacto nas relações comerciais as quais ambos os países envolvidos mantêm com o restante do mundo.

Rússia e a Ucrânia desempenham um papel crítico na produção de alimentos. Em 2019, por exemplo, os dois países responderam por 16% das exportações globais de cereais, incluindo trigo, cevada, girassol e milho. Com a invasão à Ucrânia, as exportações do país praticamente param. De modo semelhante, as sanções econômicas à Rússia afetam as suas exportações, ameaçando a segurança alimentar global. Para os russos, seus principais parceiros comerciais são: China, Holanda, Belarus, EUA, Alemanha e Itália. Já os ucranianos têm estreitas relações comerciais com China, Alemanha, Polônia, Itália, Belarus e a própria Rússia (OEC, 2022).

Segundo Gilberto García, do OEC (Observatory of Economic Complexity), mais do que os principais parceiros, os reflexos do conflito afetam drasticamente o acesso a alimentos em países como Egito, Turquia, Irã, Bangladesh, Nigéria, Marrocos, Iêmen, Tunísia, Azerbaijão e Sudão, entre outros. Isso porque, segundo García, em 2019, esses dez países importaram US$ 20,9 bilhões em cereais, sendo quase 44% desse montante vindo da Rússia e da Ucrânia.

E o Brasil? Como fica nessa história?

Nosso país tem um histórico diplomático bem definido, reiterado em todos os grandes conflitos globais. Ainda assim, não deixamos de sofrer com os impactos de sanções comerciais impostas à Rússia, tampouco pelo simples fato de não haver produtos disponíveis – especificamente no caso da Ucrânia – graças ao avanço do conflito e sua consequente devastação e paralisação de estruturas produtivas.

Contudo, apesar de estarmos falando de um conflito que está em andamento, em um ano que se encontra em seu primeiro trimestre, podemos analisar as relações comerciais brasileiras com Rússia e Ucrânia tomando-se por base os dados do Comex Stat, pertinentes a 2021, e a partir disso traçar possíveis panoramas.

A figura a seguir apresenta um panorama das exportações, importações e balança comercial brasileira com a Rússia.

O que se pode observar é que, apesar da Rússia estar na 36ª posição no ranking das exportações brasileiras, é da Rússia a posição de 6º principal país no ranking das importações de onde o Brasil importa insumos, sendo adubos e fertilizantes (62%) os produtos mais importados, seguidos de petróleo (7,6%) e ferro (6,5%):

Já no caso da Ucrânia, o Brasil tem relações comerciais um pouco menos próximas com o país, ocupando a 75ª posição no ranking de exportações e sendo o 63º principal país do qual o Brasil importa produtos ou insumos.

Não obstante, entre os principais produtos importados pelo Brasil estão o ferro, aço e similares (44,4%), o cloreto de vinila (20%), utilizado na fabricação do PVC e medicamentos veterinários (7%):

E, afinal, o que se depreende dos dados apresentados até aqui?

Apesar das incertezas por trás do andamento do atual conflito Rússia x Ucrânia, do ponto de vista comercial, o Brasil encontrará dificuldades em relação aos insumos importados de ambos os países, em especial daqueles de origem russa, haja vista o montante expressivo que o nosso país vem importando. E ainda que se possa encontrar outros meios de atenuar essa situação, seja encontrando novos parceiros ou desenvolvendo soluções, o Brasil não ficará imune às consequências globais – tanto as mais iminentes, quanto aquelas de longo prazo – que assolarão todas as nações.

Conteúdo desenvolvido pelos membros do Núcleo de Estudos Gestão e Estratégia em Negócios Internacionais - GENINT / UNESC:

PROF. MSC. FERNANDO LOCKS MACHADO

Mestre em Desenvolvimento Socioeconômico - UNESC. Professor de graduação na Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC. Técnico extensionista do Programa de Qualificação para Exportação - Núcleo PEIEX Criciúma - Convênio GENINT/UNESC e Apex Brasil. Membro do Núcleo de Estudos Gestão e Estratégia em Negócios Internacionais - GENINT/UNESC. Empreendedor e apaixonado por café!!

PROF. MSC. JÚLIO CÉSAR ZILLI

Doutorando em Engenharia e Gestão do Conhecimento - EGC/UFSC. Mestre em Desenvolvimento Socioeconômico - UNESC. Professor de graduação e pós graduação na Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC. Gerente do Programa de Qualificação para Exportação - Núcleo PEIEX Criciúma - Convênio GENINT/UNESC e Apex Brasil. Idealizador e Coordenador do Programa Prata da Casa e do Programa de Imersão Empresarial - PRIME (PRIME Experience e PRIME Class). Líder do Núcleo de Estudos Gestão e Estratégia em Negócios Internacionais - GENINT/UNESC. Consultor em Negócios Internacionais!!

14 de março de 2022 às 09:50
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