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O Ensino Sobre as Populações Afro-brasileiras: Avanços e Desafios abre a programação do 10º Maio Negro

O Ensino Sobre as Populações Afro-brasileiras: Avanços e Desafios abre a programação do 10º Maio Negro
Janete Triches Mais imagens

Um dos desafios que precisam ser enfrentados é buscar superar o racismo institucional e individual, que tem dificultado nas instituições de ensino superior ou cursos a institucionalização de grupos, pesquisas e disciplinas dedicados à temática da história e cultura afro-brasileira e africana. A colocação foi feita esta noite (16/5) pela professora doutora Joana Célia dos Passos (UFSC/NEN) na conferência de abertura do 10º Maio Negro, no auditório Rui Hülse, no campus da Unesc. Este ano o evento tem como tema central O Ensino e a Pesquisa Sobre as Populações Afro-brasileiras em Santa Catarina.

A programação prossegue amanhã (17/5), às 19h30, na sala 19 do bloco P, com mesa de debates A Pesquisa Sobre as Populações Afro-brasileiras no Sul de Santa Catarina, com a participação dos professores mestre Antonio César Spricigo e Júlio César da Rosa e mestranda Juliana Krauss. No mesmo local e horário, na quarta-feira (18), o professor doutor  Paulino de Jesus Francisco Cardoso (Udesc/ NEAB), abordará Produção e Socialização do Conhecimento Sobre as Populações Afro-brasileiras em Santa Catarina. O 10º Maio Negro é promovido pelo curso de História e ONG ACR (Anarquistas Contra o Racismo), com apoio da UNA HCE (Unidade Acadêmica de Humanidades, Ciências e Educação).

Livros didáticos

A palestrante abriu sua conferência mostrando e analisando trechos de livros didáticos de História, Geografia e Ciências, usados nas escolas de Educação Básica para crianças e adolescentes, abordando as relações étnico-raciais e a situação dos afrodescendentes. Observou várias contradições, comparações sem fundamento e grande insistência em se referir à África como local de escravidão, além do total desconhecimento do legado africano em vários campos do conhecimento, como a escrita, a medicina e as pirâmides do Egito, que faz parte daquele continente.     

Pesquisa

A professora doutora também mostrou sua pesquisa em desenvolvimento "Os cursos de formação de professores em SC e a educação das relações étnico-raciais". A amostra é composta por 10 IES selecionadas, sendo oito comunitárias e duas públicas. Dessas, oito oferecem a disciplina História da África nos seus cursos de História, mas nenhuma estuda a História dos Africanos em SC. Na disciplina de História do Brasil, a maior carga horária se limita ainda a tratar da escravidão. 

Das 10 instituições, cinco possuem curso de Pedagogia que oferecem disciplinas que tratam da diversidade ou diferença racial. Nessas, inúmeros e diversificados conteúdos precisam ser estudados em insuficiente carga horária de 30 horas.      

Avanços

Apesar dos obstáculos e dificuldades, a pesquisadora diz que existem avanços a serem considerados, a começar pela legislação e mecanismos jurídicos que disponibilizam o estudo da temática. Outros avanços, segundo ela, são o debate público sobre o negro e as desigualdades étnico-raciais – “ Brasil é um país racista” – e a ampliação da produção de conhecimentos sobre a história e a cultura afro-brasileira e africana.

Desafios

Além de superar o racismo individual e institucional, a professora Joana Célia dos Passos afirmou que é necessário superar o mito da democracia racial que influencia fortemente a concepção de que as desigualdades de classe explicam por si só todas as desigualdades na sociedade brasileira. “O comandante Fidel Castro falou recentemente que a revolução em Cuba ainda não conseguiu acabar com as desigualdades do negro, da mulher e de gênero”, diz.

A inserção dos conhecimentos produzidos sobre os negros em SC em  espaços formativos, a produção de pesquisa sobre os negros em SC em diferentes campos do conhecimento como no Direito, Economia, Geografia, História, Literatura e Artes e a institucionalização da produção sobre os negros no Brasil, advinda de outros espaços que não a academia, são, para ela, outros desafios a serem superados.         

Fonte: Comunicação Social:comunicacao@unesc.net

16 de maio de 2011 às 21:50
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