Doutora Terezinha Volpato fala sobre Identidade Social dos Mineiros em aula magna
Antes da palestra, ela foi recebida pelo reitor Antonio Milioli Filho e doou 272 exemplares da obra para a Biblioteca professor Eurico Back, da universidade. No auditório, ela foi recebida pelo coordenador da História, professor doutor João Henrique Zanelatto; pelo diretor da UNA HCE, Ricardo Luiz de Bitencourt; e pelo representante do CA, Maxuel de Bona.
Identidade
A identidade social dos mineiros trabalhadores das minas de carvão de Criciúma na década de 90 é uma construção diária que eles fazem no local de trabalho, diz a pesquisadora. Esse local de trabalho é subterrâneo, escuro, local de riscos imprevisíveis e perigos reais com caimento de pedras, eletricidade e explosões; nas condições materiais do trabalho, nas frentes que se renovam e do desconhecido que assusta, local de acidentes graves e fatais, pelo exercício de práticas específicas e próprias. Mas essa identidade também se faz pela história cultural, pela homogeneidade do grupo, pela desqualificação profissional, pelo trabalho braçal para todos, pela ausência de mobilidade social, pelo nível cultural, pela forte carga emocional e tensão constante no local de trabalho.
Reprodução
Volpato diz que o grupo mineiro se reproduz sustentado pelas tradições já incorporadas, desafiado pelas prospecções e possibilidades futuras, seguindo valores e princípios difundidos individualmente e coletivamente.
Segundo ela, existe uma relação direta entre o trabalho difícil, insalubre, e o corpo capaz de produzir trabalho, viril. "Fora do seu local de trabalho, ele é um corpo cansado, que precisa descansar, que não faz outra atividade de lazer". Outras marcas são sua maneira de ser, suas práticas comuns, as mulheres que sempre ficam esperando eles chegarem em casa depois do turno de trabalho e a postura de demonstrar sempre ser forte, corajoso, não podendo demonstrar medo.
Naturalização e resistência
As precaríssimas condições de trabalho, para a professora, tendem a ser naturalizadas no próprio processo de trabalho, na tradição cultural e nas representações ideológicas presentes nos discursos e em rituais. "O perigo constante da atividade profissional é incorporado como algo natural", diz. As lutas sindicais daquele período, segundo ela, estão voltadas para melhores salários e para a perpetuação do poder de suas lideranças. A dilapidação do corpo e do meio ambiente, para a pesquisadora, não faziam parte das preocupações da categoria naquele momento de sua história. 13 de abril de 2009 às 21:33
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