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Ex-secretário fala da luta histórica que culminou com a criação do SUS há 20 anos

Ex-secretário fala da luta histórica que culminou com a criação do SUS há 20 anos
Janete Triches Mais imagens
Os episódios mais significativos do movimento sanitarista, e da luta dos brasileiros, que culminaram há 20 anos com a criação do Sistema Único de Saúde no Brasil, a partir da atual Constituição, foram lembrados esta tarde pelo médico e ex-secretário de saúde de Criciúma, Orasil Coelho Pina. Ele abriu o workshop promovido pelo curso de Enfermagem, no auditório Ruy Hülse, para comemorar os 20 anos de SUS e da constituição brasileira.

Fatores de Saúde

O médico começou sua palestra lembrando que saúde é um bem, talvez o mais importante para a vida humana, e que o meio ambiente, a educação, a moradia, o trabalho, o transporte coletivo, a renda e a previdência, entre outros, são fatores que influenciam diretamente na saúde do indivíduo, que não pode ser vista como algo isolado.  "Se aplicarmos o modelo de saúde britânico no Haiti, mas os demais indicadores não forem bons, não teremos um bom resultado, porque saúde faz parte de um conjunto", disse.        

SUS inclui todos

O nascimento do SUS, diz Pina, tornou o brasileiro cidadão na saúde.  Antes dele, cerca de 95% da população não tinha nenhuma assistência e o acesso era restrito aqueles que podiam pagar. Como não havia nenhum serviço público, as pessoas podiam ter diabete, hipertensão, cardiopatias ou qualquer outra doença há cerca de 20 a 30 anos, e não saber disso. A imensa maioria, quando descobria, já era tarde. O resultado acabava sendo o óbito ou alguma seqüela grave, como amputação de membros.  Com o SUS, e a universalização do serviço, lembra, o cidadão descobre cedo as doenças que tem e pode tratá-las, porque dispõe de medicamentos. 

Luta continua

Embora represente um grande avanço, em termos de direitos da cidadania, o SUS não é perfeito, e tem muito a ser melhorado, segundo o ex-secretário, porque é um processo em construção. "As unidades básicas de saúde podem prestar de 70 a 80 mil atendimentos / mês, mas tudo isso é ignorado quando falta uma cibalena num posto", diz. Por outro lado, o Programa Saúde da Família, considerado uma injeção de ânimo no sistema, conta com aporte de recursos das prefeituras (2/3 dos custos) e do governo federal (1/3 dos custos), mas não recebe nenhuma verba dos governos estaduais. Para começar a mudar parte desta realidade, ele sugere que o governo de Santa Catarina assuma o hospital infantil de Criciúma, até agora bancado pela prefeitura.    

SUS em Criciúma

O início da implantação do SUS em Criciúma foi em 1983, na gestão do prefeito José Augusto Hülse (1983-1988). Orasil era secretário da Saúde e começou o processo implantando unidades básicas de saúde nos bairros. A cidade tinha cerca de 90 mil habitantes. A equipe de trabalho, na saúde, era composta por cinco pessoas. Havia um dentista, uma enfermeira, uma auxiliar de enfermagem e um motorista, que usavam um ônibus para percorrer as comunidades, visitadas uma vez ao ano. Os atendimentos médicos eram feitos pelo INAMPS, para aqueles que tinham carteirinha da previdência. As filas se formavam a partir das 19 horas, dobravam o quarteirão e deixava as pessoas a mercê do frio e da chuva. No término do governo de J.A.H, a equipe de Pina na saúde tinha 150 funcionários para atender a população em 30 unidades básicas de saúde.     18 de março de 2008 às 19:11
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