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Preocupação com a natureza já era fato na década de 1930, afirma pesquisador

Preocupação com a natureza já era fato na década de 1930, afirma pesquisador
Zeca Virtuoso Mais imagens
A preocupação com as questões ambientais e a intervenção ambientalista mais forte, no Brasil, remetem-nos automaticamente à Rio 92, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992. Muita gente não sabe, porém, que o assunto já estava em pauta sessenta anos antes, sustentado por conservacionistas que já vislumbravam a utilização dos recursos naturais de forma racional. A observação é do professor doutor José Luiz Franco, da UnB, palestrante da noite de terça-feira da Semana de Estudos Históricos. Ele abordou o tema "História e meio ambiente: a metodologia de pesquisa da História ambiental". O lançamento do livro "Sujeitos esquecidos, sujeitos lembrados", do professor Antônio César Spricigo, também fez parte da programação.

Referência

Historiador, Franco despertou para a área ambiental como cidadão – participou do movimento ambientalista – e como profissional, integrando os quadros do Ministério de Meio Ambiente. Foi a partir de sua tese de doutorado, porém, que ele mergulhou fundo na área, estudando a questão a partir de personagens como o botânico mineiro Frederico Carlos Hoehne. Jardineiro do Museu Nacional, Hoehne tornou-se uma referência na área, mesmo sendo autodidata – não existia graduação em Biologia à época –, ao integrar uma equipe que apresentou projetos de manejo para o uso de espécies como a araucária, a imbuia e a erva-mate, da mata atlântica. A produção de mais de 600 artigos sobre a questão e a fundação do Jardim Botânico de São Paulo são algumas de suas ações, informou o professor.

A história ambiental, que resgatou as incursões de Hoehne pela área ambiental na primeira metade do século 20, conforme Franco, permite trazer à tona as contribuições do passado em relação ao meio ambiente. "Infelizmente, a nossa sociedade não valoriza a memória", lamentou. O exemplo mais concreto, apontou ele, é o fato de os ambientalistas da geração presente não considerarem o trabalho realizado pela geração passada. "Se fosse o contrário, não precisaríamos começar do zero", ressaltou.

O palestrante

Doutor em História Social e das Idéias pela Pós-Graduacão em História da Universidade de Brasília (UnB), José Luiz Franco é pesquisador associado adjunto e coordenador executivo do Observatório de Unidades de Conservação do CDS (Centro de Desenvolvimento Sustentável) da Universidade de Brasília.

03 de outubro de 2007 às 16:19
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