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Obstáculos ao espírito republicano brasileiro

"A falta de mecanismos de inclusão política dos marginalizados e a inexistência de canais de discussão pública para debater e reivindicar direitos são dois dos principais obstáculos na construção do espírito republicano brasileiro. A conseqüência direta é que, no Brasil, historicamente, se tem projetos de dominação, e não projetos de escolha que contribuam para emancipar os seres humanos". A afirmação é da professora doutora Cecília Caballero Lois (UFSC), palestrante na tarde desta quinta-feira (26/4) da segunda etapa da 2ª Jornada Direito e Democracia, promovida pelo Nuped, do Programa Grupos da Unesc.

Para a professora, a idéia de República é o único conceito capaz, na atualidade, de fazer frente, de um lado, à sociedade ultraliberal, dos indivíduos atomizados e pautada pela tecnologia. E, de outro, à sociedade dos comunitários, fechada e excludente da vivência dos diferentes. Para que esta forma de governo se torne uma realidade de fato, concreta, no país, conforme a professora, é necessário que se aprenda e se reconheça a existência política do outro e do diferente, que precisam ser incluídos; que haja modelos de contestação com mecanismos de inclusão política, que não se centralizem na democracia representativa; e que se promovam práticas políticas emancipatórias.

"O pensamento republicano implica democracia de contestação e sociedade organizada por diálogo aberto e argumentos racionais", ensina. "Ocorre que, no Brasil, nossas práticas políticas são atravessadas por valores morais, ou seja, os argumentos são sempre religiosos, e não racionais. Então o debate não existe, se encerra, impedindo que as pessoas possam discutir assuntos e ideais comuns que interessem a todos, e não a uma parte da sociedade". 26 de abril de 2007 às 17:56