Criciúma é primeira cidade fora das capitais brasileiras a ter um Coletivo Memória
Pesquisar, resgatar e conscientizar são alguns dos verbos que serão conjugados a partir da noite de hoje (9/8) em Criciúma, quando foi lançado o Coletivo Memória, Verdade e Justiça: João Batista Rita. O grupo investigará e resgatará a história e reflexos do Regime Militar a partir de 1964 no município. A apresentação dos componentes do grupo – que é aberto à participação de estudantes, professores e comunidade – ocorreu no Miniauditório do Bloco P da Unesc, e contou com a presença de alunos dos cursos de Direito, Economia, História e Sociologia, Pedagogia, Psicologia e Mestrado em Educação.
O grupo vai se reunir quinzenalmente e promover ações de conscientização como palestras e exposições. O Coletivo é organizado em uma parceria entre a FCC (Fundação Cultural de Criciúma) e a Unesc, através do Cedoc (Centro Regional de Documentação e Memória) e dos cursos de Direito, Economia, História e Sociologia. O município é o primeiro fora das Capitais brasileiras e o segundo de Santa Catarina – até então apenas Florianópolis possuía – a ter um Coletivo.
O lançamento contou com a palestra do professor doutor Fernando Ponte de Souza, coordenador dos grupos de pesquisa “Memorial dos direito humanos” e “Brasil na mundialização: trabalhadores, empresários e Estado no processo decisório”. Souza falou sobre o Coletivo Memória, Verdade e Justiça, que em nível nacional é conhecido como Comissão da Verdade.
Segundo Souza, no Brasil, mais de 400 pessoas foram mortas durante a Ditadura Militar e destes, mais de 200 não tiveram os corpos encontrados. Em Santa Catarina, 11 pessoas foram mortas e destas, quatro nunca foram encontradas. “A maioria dos mortos eram jovens. E se hoje nós podemos estar aqui conversando abertamente sobre esse assunto, devemos aos esforços de estudantes, professores e trabalhadores em geral, que lutaram contra o Regime”, comentou.
O professor – que foi preso e torturado em 1970, aos 18 anos, em Fortaleza – afirmou que no Brasil a população tem menos consciência do que ocorreu nos anos da Ditadura Militar que em países como a Espanha e o Chile, que foram comandados por regimes militares. Para ele, o trabalho do Coletivo Memória também é no sentido de conscientizar a população sobre o passado, mas com olhos no futuro.
Criciúma abrigou cadeias da Ditadura
Segundo o professor Sérgio Uliano, membro do Grupo, Criciúma teve cadeias do Regime Militar em locais que hoje abrigam construções como o estádio Heriberto Hülse e o Colégio Lapagesse. “Vamos pesquisar e divulgar a memória daquela época. Muitas pessoas não sabem o que ocorreu aqui”, comentou.
Amanhã (10/9), o Coletivo Memória promove a exibição do filme “Testemunhas da história”, que trata da ditadura militar em Santa Catarina, na FCC, a partir das 19 horas. No mesmo espaço será realizada uma noite de autógrafos da obra “Os 4 cantos do Sol”, que trata da Operação Barriga Verde no estado, de autoria do jornalista Celso Martins.
João Batista Rita
O grupo leva o nome de João Batista Rita, que desapareceu em 1973, aos 25 anos. Nascido em Braço do Norte, ele passou parte de sua vida em Criciúma e foi um dos catarinenses desaparecidos durante a ditadura militar. Batista foi preso na operação Condor e torturado até a morte. Seu corpo foi incinerado em uma usina de açúcar em Cambaíba, Rio de Janeiro. “As cinzas de João Batista Rita representam o direito a vida, que todos têm”, afirmou a professora da Unesc e membro do grupo, Janete Trichês.
Fonte: Comunicação Social:imprensa@unesc.net
09 de agosto de 2012 às 22:301 comentário
André Demetrio
09 de agosto de 2012 às 23:15Parabéns pela iniciativa! Participei e com esse Coletivo, teremos oportunidade de conhecermos nossa história, possibilitando assim à memória e à verdade, ambos presentes na Constituição! Todos estão convidados para participar! :-)
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