Plano Diretor de Criciúma em debate na Unesc
Enquanto a discussão do Plano Diretor está ocorrendo, a cidade está sendo tomada de tapumes e projetos aprovados. Neste processo só a construção civil está ganhando. A afirmação é do delegado do Plano Diretor de Criciúma Ayser Guidi, durante debate na tarde de hoje (14/10) na Unesc. O evento, promovido pelo curso de Geografia, contou com a participação do coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo, Jorge Vieira, que participou do núcleo gestor do plano, do também delegado Cledonir Cesar Michels e do coordenador do Laboratório Cidade e Sociedade da UFSC, professor doutor Elson Manoel Pereira, que coordenou a mesa de debates. A tarde também contou com a participação de membros do laboratório e professores e alunos da Unesc.
Pereira veio a Criciúma para conhecer melhor a construção do Plano Diretor da cidade, sendo que pela manhã esteve na prefeitura. Ao longo da conversa os debatedores descreveram toda a história do plano, desde a criação do núcleo gestor até hoje, cujo documento está na Câmara de Vereadores. “Na Câmara chegaram 240 emendas, sendo que 150 são do Sinduscon (Sindicato das Indústrias da Construção Civil Sul Catarinense). Isso me parece tirar totalmente o caráter participativo do plano”, destacou o professor.
“A cidade precisa de um norte para saber qual será o seu futuro, porque senão vai ficar como está”, salientou Michels. Ele comentou que se uma pessoa tem um terreno ela pode construir uma casa ou um prédio de 4, 8, 16 andares, mas o Ministério das Cidades já alertou para prestar atenção ao futuro da cidade. “Mas já ficou claro que, aqui, aqueles que fazem pressões não estão preocupados com isso, mas sim com o lucro”, ressaltou o delegado.
“Desde o princípio houve certa omissão dos gestores públicos e já percebíamos da dificuldade desse processo (da construção do plano)”, lembrou Jorge Vieira. Ele chamou a atenção para o Bairro Comerciário, que tem cerca de 15 mil habitantes sem nenhuma praça ou local de utilidade pública. “A discussão foi polarizada entre sociedade e construção civil e o poder público não se manifestou, sendo o responsável por estes espaços”, salientou o coordenador de Arquitetura e Urbanismo.
“Entregamos o documento do plano pronto no fim do governo do Antonelli”, afirmou Guidi. Ele chamou a atenção para o Plano Diretor, que depois de enviado à prefeitura, quando chegou à Câmara, veio com alterações. “Mexeram em palavras como na frase ‘A prefeitura deverá’ e colocaram a expressão ‘poderá’, retirando a obrigação naquele determinado ponto”, explicou. Ele pontuou que isso foi denunciado ao Ministério Público, mas que este alegou que o Governo Municipal poderia fazer isso, desde que fosse para o bem da comunidade.
Laboratório Cidade e Sociedade
O Laboratório Cidade e Sociedade da UFSC, que conta com a participação do coordenador do curso de Geografia da Unesc, Eduardo Preis, avalia o processo de elaboração dos planos diretores das oito maiores cidades do estado. Este debate vem ocorrendo em Florianópolis, São José, Blumenau, Chapecó, Lages, Joinvile, Itajaí e agora é a vez de Criciúma, sendo que em cada cidade existem pesquisadores acompanhando e estudando o processo.
Fonte: Comunicação Social:comunicacao@unesc.net
14 de outubro de 2011 às 17:49
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