Frigotto fala sobre equívocos da educação e diz que escola de qualidade é aquela que ensina a pensar criticamente o mundo
“Escola de qualidade é aquela que ajuda o indivíduo a entender criticamente o mundo, que não aceita o dado, quer ser convencido. Educação de qualidade é aquela que me ajuda a ler o real, a interpretar o que as letras das palavras dizem, a enxergar a contradição, o erro”. A afirmação foi feita esta manhã (18/7) pelo professor doutor Galdêncio Frigotto (UERJ) durante o seminário sobre o Plano Nacional de Educação, que está acontecendo no auditório Ruy Hülse, no campus da Unesc, e conta com apoio da UNAHCE.
O filósofo comentou que existem alguns equívocos na educação que precisam ser discutidos. Um deles é que qualidade é sinônimo de poucos. Citando o pensador italiano Antonio Gramsci, disse que elevar a qualidade sem quantidade, é democracia mentirosa. “Democracia de verdade, e não de mentira, defende a inclusão de milhões de crianças, de analfabetos, dos meia-escola, e não a exclusão ou a formação de elites”.
Outro equívoco é imaginar ser possível educar numa perspectiva mercantil. “O mercado é relação de força e quer que se eduque para ele ganhar mais. Vivemos a economia do cassino, onde quem ganha dinheiro é a especulação financeira, e não a economia real, que planta, cria galinha e produz. Este comportamento é incompatível com escola pública, democrática, universal e laica”, diz.
Qualidade e tempo
Para o autor de mais de 20 livros na área da Educação, a sociedade vive um processo regressivo e de profunda individualização, que culpabiliza o indivíduo e isenta o sistema econômico dominante. Para ele, a educação ocupa um papel central nas necessárias transformações do mundo. “Qualidade tem conteúdo, matéria, condições físicas de trabalho. O tempo do professor é fundamental, para ele ler, estudar, inventar. Tem limites e critérios”.
Carreira
O pesquisador afirma que existe uma grande crise dos referenciais formativos dos professores e aponta três erros que estariam contribuindo para acabar com a carreira docente no Brasil. “Existe a ideia de que tudo que é público não tem qualidade, não presta. Tira-se do professor a autonomia para organizar o conhecimento, usando as mesmas apostilas no país todo. E o processo não tem mais carreira, mas pagamento com prêmio e produtividade. Precisamos ler o que está por trás disso”, sugeriu. “Sem mudar a estrutura da distribuição da renda, da terra e do judiciário, dificilmente mudaremos o país”.
Fonte: Comunicação Social:comunicacao@unesc.net
18 de julho de 2011 às 13:301 comentário
FABIO LEANDRO KNABBEN
18 de julho de 2011 às 14:24Este professor faz parte de um grupo de pessoas que, no meu entendimento, deveria estar dirigindo o mundo.
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