Projeto Rondon - Lição de vida e cidadania

Integração total após a primeira semana de Rondon

Mais um dia amanhece espelhado nas águas do Rio Tocantins e os primeiros passos em mais um despertar da nossa grande missão, nas terras Itaguatinenses, foram dados. E hoje foi dia de FORRÓ minha gente!!!

O primeiro evento já indicava que o dia estava ‘RESERVADO’, reservado para o nosso sucesso! A abertura do dia tratou-se da estreia do professor André, componente da faculdade FACTO, nossa parceira na missão, que, ao abrir as portas da prefeitura, recebeu os moradores da cidade para uma importante discussão sobre as condições e os compromissos perante os bens e serviços públicos.

Após convocados pelo professor para ‘abraçar’ a comunidade local, os rondonistas se deslocaram à Escola Santo Antônio da Cachoeira, onde estão sendo realizadas todas as atividades, para darmos início aos trabalhos da manhã. Os horários estiveram recheados de atividades, sendo que, pela manhã os temas abordados abrangeram a ‘Inclusão Social do Idoso’, com o acadêmico João; ‘Higiene Bucal’, com Allan, e ‘Drogas nem Pensar’, tendo como responsáveis a Fernanda, Marídia e o Raí.

Foi extremamente fantástico observar o talento para criação e a capacidade de interpretação que as crianças demonstraram, ao serem convocadas para atuar, representando o tratamento correto e incorreto dedicado ao idoso, na Oficina de Inclusão Social do Idoso. A rapidez de criação e a magestosidade de seus gestos surpreenderam nossas expectativas.

E as surpresas não cessavam! Ainda nas dependências da Escola, recebemos a visita ilustre do Senhor Major do 52° BIS – Exército Brasileiro de Infantaria de Selva. E como nossa meta aqui é superar expectativas, este também foi surpreendido com a organização, entrosamento, compromisso, a alegria e dedicação com que viemos conduzindo nossa operação, fato que muito nos orgulha!

O deslocamento até o alojamento foi especial nesse dia de quinta-feira. Desfilamos em ruas locais, transportados na camionete do Exército Brasileiro de Infantaria de Selva, e, ainda, tivemos a honra de dividir nossa alimentação com as visitas do dia, que se despediram após a refeição para seguirem seu caminho de visitas e supervisão.

Ainda ao meio-dia, tivemos o lançamento da música oficial da nossa operação no Rondon 2011 – letra e música confeccionadas por alunos e professores da Unesc e FACTO. Fato seguido de uma importante descoberta: observamos que, assim como temos Enfermeiros, Educadores Físicos e outros futuros profissionais em nosso grupo, também contamos com dois encanadores em estágio de formação – Mara e Allan se encarregaram de estourar e, posteriormente, desentupir o cano da pia da cozinha, deixando o mesmo totalmente inovado e pronto para uso. Aprendizados que somam!

Pela tarde, a comunidade de Itaguatins foi recebida com temas que abordaram os ‘Direitos Sociais’, com o acadêmico Raí; ‘Leitura e Contação de Contos’, com Kéruly; ‘Saúde do Idoso’, com Marídia, e ‘Sexualidade Humana’, com Fernanda.

Nossa tradicional caminhada ao pôr do sol, foi mais uma vez pontualmente realizada, porém, tendo novidades neste dia. Devido ao calendário da noite, o público adulto não se fez presente, recheando a bela praça central da cidade com mais de 40 encantáveis crianças. E a nossa caminhada se transformou em muita brincadeira de roda e correria, lembrando, claro, que a acadêmica Mara teve a habilidade de vencer a adoleta.

Com os quase cinquenta pequenos, nos dirigimos novamente até a Escola, onde estava sendo realizado o tão esperado ‘Forró dos Idosos’. De mãos dadas com as ‘esperanças’ da cidade, invadimos as ruas e fizemos uso de todo o nosso repertório de cantigas, em alto e bom tom.

Mais uma vez, os acontecimentos surpreendem nossas expectativas e confirmam que o dia estava realmente reservado para o sucesso. Gente, o arrasta pé é de uma qualidade tão intensa, que seria quase impossível traduzir por completo. “Ah isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais! Ah quem tá fora quer entrar e quem tá dentro não sai!”

O pátio da Escola virou salão! Quem nunca dançou virou artista. Quem nunca cantou dominou a festa. E quem não gostava de música virou DJ. A única coisa que não faltou foi alegria e somente o que não aconteceu foi ficar parado. Alunos, professores, crianças, idosos, jovens, mulheres, homens, adultos e autoridades fizeram parte de nosso evento extraordinário. E se ainda não existisse integração, ela estava sendo selada naquele instante.

Os itaguatinenses aprenderam o ilustre Vaneirão, levado pelos nossos representantes gaúchos, e os nossos rondonistas? Abram as portas, que o forró tem um novo destino: e será Criciúma!

Dessa vez, não somente o Rio Tocantins saudou nossos passos, mas também a lua Itaguatinense abençoou nossos sorrisos. A festa foi extensa, porém não tão extensa quanto animada. Exaustos, nos despedimos do forró com um até logo e agora sim, o Rio, contemplou nossas canções e o extravasamento da nossa alegria, até as portas de nossa residência, concluindo nossa primeira semana de atuação.

Após um jantar excepcionalmente delicioso, preparado por Fabiana e Espírito Santo, juntamente com a professora Rose, nos encaminhamos ao descanso, em preparação a mais um dia de tarefas e missões. Acreditamos cada vez mais que pequenas atitudes constroem a felicidade; amigos se conquistam todos os dias; os sonhos podem sim ser recuperados e que o Rondon 2011 já está sendo inteiramente inesquecível! Que Deus nos abençoe.

24 de janeiro de 2011 às 14:24

Ensinando e aprendendo no Norte

Foi uma terça-feira e tanto. Pela manhã, 60 participantes nas palestras. À tarde, mais 64 pessoas. No final da tarde, a já característica caminhada contou com 68 participantes. À noite foram mais duas oficinas. Uma realizada pela acadêmica Eloina, da Enfermagem, que abordou HPV para 19 mulheres; a outra, pelo acadêmico de Direito, Raí, que realizou uma oficina sobre direito da família para 30 pessoas.

Seu Francisco

Agricultor de 82 anos. Viúvo em duas oportunidades. Está no seu terceiro casamento, dessa vez com uma senhora de 44 anos. Se faz presente em todas as oportunidades. Virou freguês. Vai, inclusive, às caminhadas. Faz exercícios de aquecimento e alongamento. E com a força de seus pulmões acompanha o grito oficial dos rondonistas: SELVA. Até hoje não conseguiu se aposentar. Segundo ele, a informação que lhe passaram é que está velho demais para requerer tal benefício à Previdência Social. O Raí está cuidando disso.

Jamerson

Professor de matemática do maior Colégio Municipal: Santo Antônio da Cachoeira. É pedagogo. Como na cidade há somente uma pessoa formada em matemática, ele teve que assumir essa disciplina para atender à demanda local. Interessado e estudioso, está inscrito na Plataforma Freire para em 2011 iniciar os estudos de matemática. À noite participou da oficina organizada pelo Raí. Na outra sala sua esposa estava presente à palestra da Eloina. Segundo ele, foi muito bom conhecer as diferenças entre expressões do direito como ‘tutela’, ‘curatela’ e ‘separação remédio’.

Assentamento

O Prof. Murialdo aproveitou parte do dia para conhecer o maior dos quatro assentamentos de Itaguatatins. É o Assentamento Reis. Nele, vivem 12 pessoas numa área de 5,4 mil hectares. Era uma área improdutiva. O antigo proprietário pretendia transformá-la num complexo clandestino de carvoeiras para produção de carvão vegetal, haja vista a exuberância da mata local. Hoje se planta principalmente arroz e milho. Todavia, é do leite que vem o maior sustento das famílias. O litro é vendido a R$ 0,55 para um frigorífico próximo. Os moradores assentados já estão pensando num frigorífico próprio na forma de associativismo para eles mesmos beneficiarem o leite que recolhem de seus animais.

Apelidos

Ajudam a conhecer melhor a região. Evidente que há os comuns, também presentes no sul. Por exemplo: 0800, Barba Azul, Cabeção, Chico Mentira etc... Mas outros representam a síntese do folclore, fauna e flora locais, com suas características próprias. Por exemplo: Cabeça de pimenta-do-reino, Boca de Maraca, Cacuri, Cacuri Júnior, Pé de rebolo etc...E assim se vai conhecendo a região também de forma lúdica.

21 de janeiro de 2011 às 16:05

Figuras emblemáticas em Itaguatins

Continua

Desde a nossa chegada, o clima permanece muito quente, o suor excessivo é visível no rosto das pessoas. Um banho na hora do almoço ameniza o calor, mas nem sempre é possível, pois os compromissos são muitos. A terça-feira começou com algumas “baixas”: a professora Rose de cama. Quatro apresentaram problemas de estômago. E um ainda está resfriado.

 

Profissão

Felizmente, em nossa equipe temos a presença de duas futuras médicas e uma futura enfermeira. As três, antes mesmo de começarem suas atividades com o público da comunidade, já aproveitaram para colocar em prática a teoria aprendida em sala de aula com os integrantes do Rondon.

 

Minoria

Às 9h30 foi iniciada a abertura oficial do Projeto Rondon na prefeitura municipal de Itaguatins. As duas equipes chegaram mais cedo do que os moradores. Isto aumentou mais a expectativa dos grupos, pois o desconhecimento ainda tomava conta da maioria. Apenas os professores Osnilson e Rose Duarte conheciam o ambiente.

 

Bênção

Algumas autoridades foram convidadas para compor a mesa, iniciando-se a solenidade com a fala do prefeito, dando boas vindas para os dois grupos ali presentes: a Faculdade Católica de Tocantins (FACTO) e a Unesc. O primeiro grupo está composto por nove acadêmicos dos cursos de Direito, Administração, Zootecnia, Gestão Ambiental e Agronomia. O grupo da Unesc está formado por dez acadêmicos dos cursos de Educação Física, Biologia, Medicina, Enfermagem, Letras e Fisioterapia. O padre e o pastor da cidade, também presentes, fizeram uma prece inicial, demonstrando a amizade entre as duas igrejas e a fé das pessoas. Aliás, no portal de entrada da cidade há a seguinte inscrição: ‘Itaguatins, uma cidade abençoada por Jesus Cristo’.

 

Patriotismo

O hino nacional foi cantado por todos. Um a um, os acadêmicos apresentaram-se, seguidos pelo Sargento Mesquita, que tomou a palavra em nome do Exército Brasileiro esclarecendo a posição das Forças Armadas sobre a origem do Projeto Rondon.

 

Agito

A solenidade seguiu em uma sala reservada, juntamente com o prefeito e seus secretários, para fechar alguns detalhes do projeto. Na parte da tarde, os alunos se reuniram para discutir as atividades, que seriam realizadas ao longo da semana. Em seguida, fizeram o reconhecimento da cidade. Mais tarde, saíram para colar os cartazes de divulgação dos cursos. Essa situação provocou a curiosidade dos moradores que queriam saber sobre o conteúdo dos cartazes.

 

Apoio

Também havia o cuidado no grupo para realizar a separação o lixo orgânico. Afinal, todo esse material tem previsão para ser usado numa atividade dos acadêmicos da FACTO.

 

Organização

Como havíamos planejado, quando ainda se estava em Criciúma, as atividades começaram ainda na segunda-feira por uma caminhada ao por do sol que se iniciou às 18h. Aproximadamente 40 pessoas participaram da caminhada. Todas muito entusiasmadas. A caminhada percorreu toda a cidade, buscando divulgar para o maior número de pessoas a presença dos rondonistas na cidade.

 

Alegria

Os moradores nas frentes de suas casas respondiam com bom humor e camaradagem às brincadeiras e provocações dos nativos de Itaguatins presentes na caminhada. Foi um sucesso absoluto.

 

Serenidade

A caminhada se deparou com uma senhora de 91 anos. Claro que ela não estava na caminhada, mas estava caminhando. Quando viu o grupo tranquilamente se debruçou no corrimão da Beira Rio do Tocantins. Ora olhava para o grupo, ora para o rio. Fez pose para fotografias. Uma delas está no Blog.

Enigma

Indagada a respeito do segredo de sua jovialidade ela respondeu com um sinal: o dedo indicador da sua mão direita apontada para os céus que se refletiam nas águas cheias do Rio Tocantins.

 

Luta pela terra

Na noite da terça-feira os acadêmicos da FACTO se preparavam para mais uma viagem. Na manhã do dia seguinte tinham compromissos cedo no Assentamento Reis. Essa história fica para o próximo blogueiro.

 

20 de janeiro de 2011 às 15:31

As primeiras impressões de Itaguatins: aprendizado constante

Acabou a moleza. A data de hoje marcou a despedida dos rondonistas da Unesc do 52º BIS. Após o café da manhã, às 8h na famosa pontualidade militar, a equipe juntamente com a FACTO de Palmas partiu de Marabá rumo à cidade de atuação direta, Itaguatins no estado de Tocantins. Além das equipes, estavam no ônibus rondonistas de Universidades de Minas Gerais e São Paulo. Estes desembarcaram na cidade tocantinense de Brejo Grande.

No percurso que realizamos na rodovia Transamazônica, encontramos alguns trechos de muito barro e pontes frágeis. Ao longo da estrada, pudemos perceber as casas conhecidas entre nós por “casas de pau a pique” e a fauna e flora da região, com búfalos, biritis, cupuaçus, entre outras peculiaridades nortistas.

No interior do ônibus, o clima foi muito bacana e descontraído com uma interação cultural muito grande entre as equipes de SC e TO. Aprendemos expressões e dialetos como “curtindo preguiça” e “zebereba”. Durante o trajeto, encontramos algumas situações inusitadas, como o transporte de uma galinha amarrada no retrovisor de um carro e o restaurante do Bigode (que deve ter um dos maiores bigodes da região, do Brasil, ou até mesmo do mundo).

Depois de aproximadamente 6h45min de viagem, chegamos ao tão esperado destino. A cidade é muito pequena, porém acolhedora e agradável. Estamos alojados em uma casa e contamos com o suporte da prefeitura, o que torna a nossa estadia confortável, em se tratando de Projeto Rondon.

A casa está dividida em dois grupos: as mulheres dormem num quarto e os homens estão distribuídos em quarto, sala e dispensa. Todos os rondonistas estão dormindo com colchões no chão e o calor está muito forte. Faltam talheres e cadeiras, as meninas estão todas (10) em um único quarto, mas nada abala a determinação das equipes.

Ao entardecer, os conjuntos A e B realizaram suas reuniões e após, houve uma reunião com todos os rondonistas, acompanhada de uma dinâmica de integração proposta pela professora Rose. Em um momento seguinte, o prefeito acompanhado da secretária de educação da cidade, veio recepcionar os rondonistas e desejar sorte durante a jornada de atividades.

A noite foi dedicada aos estudos e procuramos nos distrair de todas as formas disponíveis, pois o grupo inteiro esqueceu de trazer baralho ou qualquer outro meio de lazer. O sono é grande, o calor e a transpiração também. Porém, estamos buscando energias no grupo e estamos seguindo a frase proferida pelo Sargento Mesquita: “O sofrimento é momentâneo, mas o orgulho é para sempre”. Todos juntos por Itaguatins!

20 de janeiro de 2011 às 14:54

O que a bateria de celular tem a ver com o fogo?

Após um ‘longo’ soninho de 4 horas no alojamento do exército, fomos despertados pela alvorada às 6h e encaminhados para um café da manhã reforçado para aguentar o dia quente e cheio de atividades em Marabá. As atividades iniciaram às 8h através de uma formatura da 23º Infantaria de Selva, onde fomos apresentados aos batalhões e ao seu lindo ‘mascotinho’, a onça pintada Pioneiro. A oração, canção do soldado de selva e o desfile de todas as guarnições da Infantaria foram momentos marcantes e emocionantes para todos.

Após a formatura, nos dirigimos à Faculdade Metropolitana onde foi realizada a abertura oficial do Projeto Rondon com uma palestra do coronel Vitoriano sobre as atividades que serão realizadas durante os próximos 15 dias. Neste ano, o Projeto Rondon conta com 1600 rondonistas que irão atuar em 80 cidades nos Estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Pará e Tocantins, constituindo número recorde de participantes.

Voltamos ao 52o Bis para o almoço e um breve descanso para, em seguida, iniciarmos o treinamento de selva, composto por quatro estações, com os temas: ‘como obter água e fogo’, e foi surpreendente descobrir que é possível obter fogo com a bateria do celular; ‘como montar um abrigo’; ‘animais peçonhentos’ e nosso grupo foi um dos mais corajosos, já que quase todos seguraram as cobras! E, por fim , o curso de ‘frutas silvestres’, em que experimentamos diversos frutos, sementes e sucos de frutas que podemos encontrar na selva, incluindo um tempero especial a ‘larva do babaçu’. Com o final das atividades, o tão esperado banho! Já cheirosinhos, recebemos mais uma palestra sobre a importância, responsabilidades e atribuições do 52º BIS para o comando militar da região amazônica.

Logo após a palestra, os rondonistas dos diversos Estados brasileiros reuniram-se com seus instrumentos musicais e organizaram um divertido luau que serviu de integração entre os acadêmicos e professores. Às 23h, fomos ordenados a retornar aos alojamentos e descansarmos para o próximo dia.

19 de janeiro de 2011 às 15:52