PPGCEM - Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais

Unesc marca presença no maior Congresso de Cerâmica do Brasil

Unesc marca presença no maior Congresso de Cerâmica do Brasil
Professores e acadêmicos do PPGCEM da Universidade realizam palestras, apresentações de trabalhos e participaram de painéis (Fotos: Divulgação) Mais imagens

Professores e acadêmicos do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM) da Unesc participaram do 65° Congresso Brasileiro de Cerâmica, que terminou nesta quinta-feira (09/06), em Águas de Lindóia, São Paulo. O evento é considerado o mais importante a respeito de materiais cerâmicos do país e um dos maiores da área no mundo. Nele, professores da Universidade foram palestrantes e os alunos apresentaram pesquisas e puderam acompanhar os debates e trocar informações com profissionais e pesquisadores de diversos países.

Promovido pela Associação Brasileira de Cerâmica (ABCERAM), o congresso busca viabilizar a interação dos diversos segmentos envolvidos com o meio cerâmico, contribuindo para o maior desenvolvimento e fortalecimento da cerâmica brasileira. “É o único evento do setor onde se reúnem alunos, professores de instituições de ensino e de pesquisa, profissionais dos diversos segmentos da indústria cerâmica e fornecedores de matérias-primas, equipamentos e insumos”, acrescentou o professor do PPGCEM, Fabiano Raupp Pereira, um dos participantes.

Durante os quatro dias de congresso, houve exposições de trabalhos técnico-científicos, na forma oral e de posters, palestras de renomados especialistas nacionais e internacionais e apresentações de painéis, oportunidades para o debate de temas de interesse para a indústria cerâmica. 

Pereira fez parte da comissão técnica científica do evento e, juntamente com o professor do PPGCEM e do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Produtivos (PPGSP), Oscar Ruben Klegues Montedo, desenvolveu atividades de avaliação, durante o encontro. Ele também presidiu algumas sessões de palestras e uma plenária com o professor Aguinaldo dos Santos, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) diretamente da Alemanha, além de palestrar sobre Materiais e Valorização de Resíduos.

Montedo foi palestrante sobre Secagem de Cerâmica Vermelha. A professora do PPGCEM Sabrina Arcaro palestrou sobre Desenvolvimento de Novos materiais bioativos à base de lítio. Ela também apresentou estudos da valorização de areia descartada de fundição como agregado em massa asfáltica do tipo concreto betuminoso usinado a quente CBUQ e sobre nanoestruturas de KNBO3 dopado com vanádio (V5+) para a degradação de Norfloxacin.

“Abordei sobre o desenvolvimento e testes dos materiais vítreos a base de lítio até chegar na etapa da produção de um biomaterial implantável no corpo e que estamos utilizando e fazendo testes para regeneração de tecidos. Além dessa palestra, apresentei outros trabalhos, um deles desenvolvido pelo meu aluno de mestrado que trata do uso da areia de fundição em massa asfáltica com estudos da sua caracterização, potencialidade, viabilidade e aplicabilidade para uso em asfalto. Os resultados foram muito promissores. O outro, também em forma de pôster, foi em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Nosso trabalho é avaliar se o material que desenvolvemos é capaz de quebrar as moléculas de antibiótico transformando isso em um composto menos tóxico ao meio ambiente, comentou.

Os estudantes de graduação, Richardi Nazário e Eduarda Olivo, além do pós- Doutorando, Lisandro Simão e a doutoranda Juliana Acordi apresentaram o andamento de suas pesquisas.

“O evento foi de grande importância para os professores e alunos para o fortalecimento de relações com pesquisadores de outras universidades, bem como a formação de novas redes de colaboração”, afirmou Sabrina. Todos os pesquisadores foram ao Congresso com apoio e recursos provenientes de projetos aprovados pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc).

Sobre os trabalhos

Materiais e Valorização de Resíduos

A valorização de resíduos e o uso de subprodutos relacionam-se a questões econômicas, fontes de materiais e energia e a inevitável geração de resíduos sólidos industriais. Este fato faz com pesquisas voltadas ao uso destes materiais representam importantes avanços no campo da sustentabilidade. Contudo, a sua utilização no desenvolvimento de produtos industriais deve partir da caracterização representativa da qualificação destes materiais como fonte alternativa de recursos minerais fora da ótica comumente observada de inertização por incorporação em produtos tolerantes. Para tal, a valorização de resíduos deve apresentar-se como um processo sistêmico de tomada de decisão multicritério fundamentada nos critérios de Classificação, Potencialidade, Quantidade/viabilidade e Aplicabilidade (de forma abreviada, CPQvA). Estes diferentes critérios de valorização, buscam estabelecer um guia sistêmico através da interação entre matérias-primas secundárias de potenciais características (resíduos candidatos) e a viabilidade de aplicação em um produto existente ou de concepção inovadora (produtos candidatos) que promova o desenvolvimento sustentável.

Materiais geopoliméricos e sustentabilidade

Geopolímeros são materiais resultantes de uma reação química exotérmica entre aluminosilicatos e ativadores alcalinos, processados em baixas temperaturas (<50 oC). Suas principais matérias-primas são metacaulim como fonte de aluminosilicatos, NaOH e silicato de sódio como ativadores alcalinos. Além destes materiais, resíduos sólidos industriais com características composicionais similares às matérias-primas comerciais têm sido utilizadas para compor o sistema ligante geopolimérico, principalmente cinzas e escórias de alto forno. Inicialmente, os geopolímeros foram idealizados para substituir os tradicionais cimentos Portland, principalmente pelas suas excelentes propriedades mecânicas, refratariedade e menor impacto ambiental. No entanto, atualmente, os geopolímeros tem ganhado atenção em outras aplicações alternativas, como filtros e membranas para tratamentos de efluentes e suportes catalíticos. Nesta palestra, as principais características dos materiais, estrutura, processamento e diferentes aplicações destes cerâmicos quimicamente ligados serão abordadas com foco na sua sustentabilidade ambiental.

Desenvolvimento de novos materiais bioativos à base de lítio

O vidro e a vitrocerâmica bioativa podem ser utilizados em diversas aplicações. Foram os primeiros materiais capazes de se ligar ao tecido vivo sem serem isolados em uma cápsula de colágeno. Nessa classe, materiais que não são apenas inertes e capazes de sobreviver dentro do corpo humano sem serem tóxicos ou degradados, mas que também podem desempenhar um papel ativo nos processos de cicatrização tecidual têm sido explorados. Podem ser usados em aplicações onde o crescimento ósseo é necessário ou como revestimentos bioativos em um procedimento como implantes onde é necessária uma boa adesão osso/biomaterial. No caso de corpos porosos, os materiais devem ter uma estrutura macroporosa interligada para permitir a adequada difusão de nutrientes e células por todo o material, favorecendo a deposição tecidual não apenas na linha de contorno do defeito, mas também nas áreas centrais onde o material é implantado. Além disso, devem apresentar propriedades mecânicas que possam suportar a deposição de tecido em sua estrutura. Melhor estrutura e composição química dos materiais melhoram as perspectivas de aplicação em soluções de engenharia tecidual. Assim, novas estratégias no desenvolvimento de materiais bioativos representam uma base biomaterial promissora para induzir a regeneração óssea desejável. Os vidros e vitrocerâmicas do sistema LZS (Li2O-ZrO2-SiO2) são interessantes quanto às suas propriedades mecânicas, elétricas e térmicas. Nosso grupo de pesquisa tem se dedicado a avaliar sua bioatividade, citotoxicidade, dissolução, capacidade de inibir e evitar a proliferação de bactérias, bem como a obtenção de scaffolds a partir desta composição. Os resultados mostram que o sistema em estudo é muito promissor para uma aplicação medicinal que requer bioatividade e/ou biocompatibilidade para regeneração óssea em particular para regenerar pequenos defeitos ósseos em situações em que há preocupação com proliferação de bactérias.

Secagem de Cerâmica Vermelha

Uma das etapas críticas do processo de produção de cerâmica estrutural, ou cerâmica vermelha, é a secagem, já que defeitos permanentes no material podem ser gerados, reduzindo sua qualidade. A secagem de cerâmica estrutural pode ser compreendida como a redução de umidade do material provocada principalmente por energia térmica. O conhecimento do fenômeno da secagem e das variáveis que interferem na mesma é crucial para o controle desta etapa do processo de produção de cerâmica estrutural, visando o aumento de qualidade, de produtividade e, consequentemente, de custo de produção. Assim, este trabalho tem como objetivo apresentar alguns aspectos relevantes do fenômeno de secagem aplicado à cerâmica estrutural, bem como as variáveis que interferem neste processo.

Fonte: AICOM - Assessoria de Imprensa, Comunicação e Marketing

10 de junho de 2022 às 15:47
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