Projeto Rondon - Lição de vida e cidadania

A chegada: alegrias e expectativas

O dia começou às 5h30 com o som dos ‘’anjos’’, ou melhor, com o som da alvorada festiva da banda do Segundo Batalhão de Fronteira de Cáceres. A ansiedade para o segundo dia de aventura que estava apenas começando, transparecia no rosto de todos os rondonistas. A receptividade calorosa , o café da manhã preparado impecavelmente, o sorriso sincero dos soldados que diziam: ‘’Que bom que vocês estão aqui!‘’ nos cativava a cada instante.
Partimos às 8h para o Ginásio da UNEMAT (Universidade do Mato Grosso), para a cerimônia de abertura. O ginásio decorado, com a presença de autoridades, professores e os 400 rondonistas da Operação Tuiuiú. Muito barulho e felicidade na hora das apresentações de cada Universidade ali presente, que mostravam orgulho e satisfação de estarem fazendo parte do Rondon. A voz em alto e bom som, as mãos erguidas gritando: "Sou Rondonista com muito orgulho, com muito amor!" emocionou a todos os presentes.
A Dra Vera Regina, rondonista de 1978, iniciou as palestras apresentando sua experiência como rondonista e a descrição de cada município onde seriam realizados os trabalhos, seus aspectos culturais e um conjunto de fotografias para ilustrar. Entre as palestras houve um delicioso café, no qual pudemos nos integrar com os demais rondonistas. No intervalo foto de todos os catarinenses reunidos na operação. Momento marcante, somos muitos...
A manhã foi finalizada com a palestra do Coordenador Geral do projeto Rondon, Brigadeiro Veríssimo, que apresentou o Histórico do Projeto e alguns dados como o número de rondonistas da operação de Janeiro deste ano: 1.600 rondonistas, distribuídos em 80 municípios e, em Julho, 1.260 em 61 municípios.
A importância, as dificuldade e desafios que todos vivenciarão também foram abordados pelo Brigadeiro, que finalizou com agradecimentos e emoção, mencionou que a bagagem que trazemos é muito menor do que levamos: FATO!
Ao meio dia voltamos para o Segundo BEFRON, almoçamos e rapidamente partimos rumo à cidade de Comodoro, que é a cidade mais distante de toda a Operação Tuiuiú. Fomos a primeira turma a partir. A viagem foi longa, MUITO longa. Mas com aquele pôr do sol, valeu a pena cada minuto. No ônibus a alegria e a curiosidade foram dominantes. Como será a cidade que nos espera?

Comodoro à vista!
As luzes da cidade apareceram lá no horizonte, eram 20h. Coração acelera, comunicamos os parentes. Chegamos na cidade tão distante... A cidade que conhecíamos do imaginário e que já estamos amando há tantos meses. Nossa vida nos últimos dias foi de preparação e desprendimento para trabalharmos com a população de Comodoro.
Enfim... Chegamos e fomos carinhosamente recepcionados na Creche onde ficaremos todos os dias da operação, com um jantar caseiro preparado pelas merendeiras, mas o mais importante: o carinho que nos receberam foi marcante. Inexplicável o sentimento... as descobertas. E terminamos o dia cansados, mas felizes. Como eu adoro COMODORO! ! !

17 de julho de 2011 às 22:00
Compartilhar Comente

As primeiras (e últimas) lágrimas

As primeiras (e últimas) lágrimas
Rondonistas Mais imagens

O clima de despedida já está presente em todos os rondonistas. O último dia de atividades com o público foi marcado por choros e despedidas. Ao acordar, como de costume, todos se reuniram para o café da manhã antes de partir para as atividades. No rosto de todos, está estampado o desânimo por saber da aproximação do dia de voltar para a casa – camuflando a aparência de cansaço depois de duas semanas de atividades extenuantes.

Pela manhã, as oficinas foram realizadas normalmente. À tarde, com as mulheres, com direito a massagens, sobrancelha, cabelo, maquiagem e correção de postura – oferecida pelas meninas da Unesc. Era dia de distribuir todos os materiais também. Chega de carregar peso.

Para as crianças também teve atividades: uma caminhada ecológica. Com quatro sacos de fibra, saímos para recolher os lixos dos arredores da escola. As pessoas dentro das casas ficavam espantadas. Outras crianças, mesmo que sem participar da atividade, ajudavam a recolher os lixos próximos às casas.

Todos de volta para um café. Saímos em grupos para a última caminhada ao por do sol. Um carro de som puxava o grupo que era encerrado por uma integrante carregando a bandeira da Unesc, montada num cavalo. O encerramento da caminhada à beira do Rio Tocantins foi a despedida de todos que estiveram conosco em todos os dias ao pôr do sol na cidade. Todos se abraçaram. Uma troca de suor. As mais sensíveis choraram.
De banho tomado depois da janta, era ora de se despedir do Rio Tocantins. Primeiramente só entre rondonistas. Depois com a companhia de jovens da comunidade. Com seu violão, um deles animou a turma com moda de viola e sertanejo. Foram cantadas também as musicas da região que marcaram nossa estadia em Itaguatins. Mas a despedida mesmo fica para amanhã. Vamos ver quem vai aguentar.

28 de janeiro de 2011 às 19:12
Compartilhar Comente (2)

A idade de dona Luiza e outros causos da quarta-feira

A idade de dona Luiza e outros causos da quarta-feira
Rondonistas Mais imagens

Na tarde desta quarta-feira, um grupo foi à comunidade de Cocal Grande, interior de Itaguatins – estrada em péssimas condições. Como havia chovido, o lodo a tornava ainda mais intransitável, a ponto de o motorista recomendar o retorno com medo de na volta a passagem estar proibida. Mas o grupo optou por prosseguir. O argumento que prevaleceu é que a distância era de 14 km e, na pior das hipóteses, voltaríamos a pé.

Quando o grupo chegou na escola municipal da comunidade, percebeu o grau de vulnerabilidade em todos os aspectos a que tal população está submetida. A grande maioria das casas é de pau a pique. Mobiliário em péssimas condições. Os dois meios de transporte que se manifestaram enquanto o grupo esteve lá foram um cavalo e uma bicicleta. Muitas crianças – meninos e meninas – só de shortinho. Um deles se chama Lucas, 3 anos. Estava sentado na área e a sua mãe cortava-lhe as unhas dos pés. O marido está em Palmas e o sonho da família é sair dali.

Três casas adiante de onde reside Lucas, mora Dona Luiza. Quando perguntada sobre sua idade, a resposta causou surpresa. Ela respondeu mais de oitenta e, na insistência para especificar a idade, respondeu de novo: “mais de oitenta”. Perguntamos a data de nascimento, ela respondeu “dezembro”. Insistindo para que ela fosse mais específica, continuou dizendo dezembro. A volta até Itaguatins foi tranquila.

Ainda no restante da tarde, visitamos a Dona Roseli, esposa do Antonio do Zezinho. Tem 60 anos, é casada pela segunda vez e apaixonada pelo primeiro marido. Teve 15 filhos. Hoje tem 6. É benzedeira, não sabe ler nem escrever, só sabe “dizer o pai nosso”. Sua especialidade é a cura de “arca caída”. Da sua residência, se tem uma visão fantástica de uma das partes mais belas do rio Tocantins. É onde tem a maior concentração de corredeiras. Um pouco mais ao horizonte passa a ferrovia norte-sul.

O dia em Itaguatins foi chuvoso, com chuva leve, o que facilitou, pois o clima fica mais agradável. A professora Rose está sofrendo pela picada do potó em dois locais da sua face. O professor Murialdo, querendo saber um pouco mais do comércio de imóveis da cidade, visitou o cartório de registro de imóveis e tabelionato. O loteamento com maior movimento no cartório tem cada fração de terra no valor de dois mil reais. O lote mais caro da cidade está estimado em trinta mil reais. São realizados de dois a seis registros por mês e estes são principalmente de fazendas e chácaras. O cartório é também um dos cinco pontos de fax da cidade. Para cada transmissão de fax, o cartório cobra três reais, que inclui a ligação para confirmar o recebimento.

27 de janeiro de 2011 às 18:13
Compartilhar Comente

Atendendo população do Assentamento km.87

No domingo (23) estivemos trabalhando no Povoado Boa Viagem,  às margens da rodovia que leva até Picos (cidade pólo do semi-árido do Piauí) e outros estados do Nordeste. Praticamente um bairro de Francisco Santos, fica a 14 km da cidade. Em torno de Boa Viagem, também conhecido como 87 (localiza-se nesta altura da rodovia), existem vários assentamentos de agricultores, remanscentes do MST e  “arretirantes”, como eles dizem. A eles foram dirigidas nossas ações até o anoitecer de domingo.

As atividades foram realizadas na escola de Boa Viagem enão conseguimos visitar o assentamento mesmo. MAs conhecemos uma parte de seu povo. Eram crianças e algumas mulheres. Com a chuvinha que cai tímida todos os dias, homens e mulheres em sua maioria vão para a roça plantar principalmente o feijão que vai garantir o alimento no longo verão.

Foram momentos de trabalho e reflexão para toda a equipe.

27 de janeiro de 2011 às 14:46
Compartilhar Comente

Caminhada ecológica com as crianças revela atrações geológicas em FC

Depois dos resultados significativos da primeira semana de trabalho ininterrupto, na segunda feira um intervalo. Pelo menos para a mente. Foi uma caminhada, entre subidas e descidas, escaladas, escarpas e fendas, de mais de três horas. E nós lá, tomando a frente, guiadas pela boa vontade e conhecimento da Caludiana, pessoa ótima, da equipe da cozinha, lava roupas para os que querem e agora, nossa guia.

Foram momenos de cansaço físico para todos. Menos para as crianças que quase 20 nos seguiram incansáveis. Francisco Santos tem um potencial turístico notável. Pedra da Onça, Caldeirão do Coração e o incrível “Canyon” da Tresidela, onde passamos momentos de aperto, sob a torcida da galera.

27 de janeiro de 2011 às 14:42
Compartilhar Comente