Ciência Unesc

Anísio Teixeira (1900-1971): um educador ainda desconhecido no Brasil

Giani Rabelo e Carlos Renato Carola (professores do Programa de Pós-Graduação em Educação)

Muitos julgavam que a Universidade poderia existir, no Brasil, não para libertar, mas para escravizar; não para fazer avançar, mas para deter a vida... Conhecemos, todos, a linguagem desse reacionarismo. Ela é matusalênica. (Anísio Teixeira, 1935).

    Anísio Teixeira nasceu na Bahia na época em que as elites brasileiras que comandavam a Primeira República revelavam a face mais antidemocrática do primeiro regime republicano do Brasil. Forjou sua formação intelectual nos embates políticos que disputavam o futuro da nação. O país que defendia e almejava construir incluía um lugar de igualdade e justiça ao povo brasileiro. Sua forma de pensar e agir lhe custou discriminações, perseguições políticas e hostilidades por parte daqueles que temiam os ideais do pensamento democrático.


    Ocupou lugar de destaque no cenário da educação brasileira, nas décadas de 1920 e 1930, quando exerceu diversos cargos executivos na Bahia e Rio de Janeiro, implantando várias reformas no sistema educacional desses Estados. Foi um dos mais importantes signatários do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (datado de 1932), documento que se pronunciava a favor de uma escola constituída a partir de pressupostos inovadores em contraposição à escola tradicional e autoritária predominante na época.


    Infelizmente a cultura moderna que se enraizou no Brasil produziu um dispositivo perverso: somos uma sociedade de memória curta. Anísio Teixeira, que ainda hoje é um dos educadores desconhecidos para a maioria da população, inclusive para estudantes e professores, tinha plena convicção de que a democracia brasileira só seria viável com o desenvolvimento de uma escola púbica de qualidade para todos. A escola, dizia Anísio, não é privilégio de poucos, é direito de todos; a escola não deve apenas ensinar as crianças a ler e escrever, ela deve “ensinar a todos a viver melhor”.


    Desde o início de sua formação intelectual, Anísio Teixeira pensou e defendeu a ideia de uma educação para a democracia. Seu pensamento pedagógico representava um incômodo para os conservadores de direita tanto quanto para a esquerda socialista dogmática. Sua concepção de democracia está muito além da retórica contemporânea dos discursos vazios que estamos acostumados a ouvir em épocas de campanha eleitoral. Para Anísio Teixeira, as duas instituições indispensáveis de uma sociedade moderna, “sem a qual não chega a existir um povo”, são a escola e a universidade pública.


    O Programa de Mestrado em Educação da Unesc, com o objetivo de discutir o pensamento de Anísio Teixeira, promoverá no dia 27 de março (terça-feira) de 2012, às 19h, no Auditório Ruy Hülse, a Aula Inaugural "Educação para a Democracia no pensamento pedagógico de Anísio Teixeira", com a presença da professora doutora Clarice Nunes, pesquisadora associada da Universidade Federal Fluminense, que tem inúmeras publicações sobre o tema “Política Educacional e Anísio Teixeira”, entre outras.


    A fim de socializar este debate é que o PPGE convida todos os interessados a participarem desse evento.

22 de março de 2012 às 18:20
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