Extensionista da Emater conta um pouco da história e dá exemplo de futuro
José Antônio da Luz é vereador e extensionista da Emater. É mais do que isso. É um idealista, um sonhador... Mas planta bem adubadinho seu sonho.
Ao lado da esposa Osnely Vilela da Silva Luz, também extensionista da Emater, estão em várias frentes de batalha em prol de um futuro melhor e sustentável para Cacaulândia. Agricultura familiar, alternativas agroecológicas para um modelo econômico suplementar ao existente, pastoral da saúde, artesanato, feira livre do pequeno agricultor e muito mais. É José Antônio, o Zezinho, que nos conta um pouco da História de Cacaulândia.
Cacaulândia pertencia ao Município de Ariquemes e surgiu como NUAR (Núcleo de Apoio Rural), frente de expansão e colonização do interior. O objetivo era o plantio de seringueira, cacau e café; culturas perenes além de outras de subsistência. Um dado interessante: os agricultores já eram selecionados com base escolar de no mínimo, na época, segundo grau. Isso por volta de 1975 a 1980.
Cada agricultor recebia um "burarero". Medida agrária que correspondia a 105 alqueires ou 250 hectares, lotes de 1 km por 2,5 km. Segundo Zezinho, faltou orientação do Incra quanto à preservação. Pelo título deveriam preservar 50% da mata. "Mas, na verdade, eram incentivados pelos técnicos a desmatarem tudo para ganharem novas áreas". Os agricultores eram em sua maioria gaúchos, mineiros, capixabas. A primeira cultura foi o cacau. Como o pessoal do sul e do sudeste não tinham know-how dessa cultura, buscaram os baianos para parcerias. Desde o início Emater e Ceplac estavam presentes nos projetos. No final da década de 80 e iníco dos anos 90 houve uma infestação de "vassoura de bruxa". Com isso a cultura de cacau foi derrubada. E chegou a agropecuária. O resultado imediato foi o êxodo rural. O cacau exigia muita mão de obra que não foi absorvida pela nova atividade. Proprietários originais em sua maioria foram embora. Poucos pioneiros permaneceram. Grandes proprietários de fora compraram e acumularam terras, gerando os grandes latifúndios para pecuária de corte.
Nas áreas menores (área chamada de "Marechal", certamente em referência ao Marechal Rondon) com cerca de 100 hectares, se produzia banana, arroz, milho, feijão. "Hoje é só leite", avisa o extensionista. Indignado completa: "Tem gente que está em cima da terra e não tem mandioca. Falta política de preços, armazenamento. Falta organização do povo para cooperativismo, comercialização coletiva e outras estratégias que beneficiariam todos os pequenos", diz ele. Hoje é essa a realidade. É a continuidade disso." Continuamos na lógica da exploração predatória. Derrubam tudo, não respeitam..." Por outro lado, ele pondera que devagarzinho a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental se faz presente. Existe um banco de produção de sementes e iniciativas "tímidas" de reflorestamento.
Exemplo:
Para manter a coerência, apesar das várias atividades, Zezinho mantém um sítio onde desenvolve o que defende: uma pequena propriedade com horticultura, forrageiras, ovelhas, piscicultura. Quer dar o exemplo e ser seguido por outros nesse manejo mais ecológico e socialmente correto.
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