Engenharia Química

Um olhar diferente para o outro

Um olhar diferente para o outro
Com as aulas de Kelvin, Nadir, que perdeu a visão há mais de 40 anos, aprendeu a se comunicar por aplicativo de mensagens (Fotos: Milena Nandi) Mais imagens

O egresso do curso de Engenharia Química da Unesc, Kelvin Goularte dos Santos, de Araranguá, teve um olhar diferente ao próximo. Percebendo a possibilidade de auxiliar a aposentada Nadir Luctemberg Mota, que perdeu a visão há mais de 40 anos, a se comunicar de uma maneira diferente, buscou alternativas para ensiná-la a utilizar o smartphone e aplicativo de mensagem. O resultado desta iniciativa foi uma relação de amizade e aprendizado mútuo. E uma Nadir que conversa diariamente com a família e com os amigos pelo WhatsApp.

No mês que iria completar 21 anos, Nadir perdeu a visão em decorrência de um descolamento de retina e um glaucoma. Na época estava casada há três anos e tinha um filho de um ano e oito meses. “Quando perdi a visão o meu mundo desabou. Foi muito difícil. Cuidava da casa e de meus filhos sem a ajuda de estranhos. Meu marido faleceu poucos anos depois de eu ter ficado cega. Ele me apoiou e me incentivou a ser independente e a não ter medo de fazer nada”, comenta Nadir. “Fui aprendendo aos poucos, mas as coisas ainda não são pensadas para facilitar a vida das pessoas com deficiência”.



Nadir que também é de Araranguá e hoje mora sozinha, conta que teve ao longo da vida a compreensão e a ajuda dos seus três filhos. Ela se diverte cuidando de um dos seus cinco netos – e atualmente, conversando pelo WhatsApp também. “Todo dia aprendo algo novo e sei que tenho que estar preparada para aprender sempre mais”.

Por ter essa sede de aprendizado, ela aceitou a proposta do egresso de Engenharia Química da Unesc para participar de aulas de como utilizar o smartphone. E surpreendeu a todos quando encaminhou os primeiros áudios. “Eu nunca tinha mexido em um aparelho como esses, mas com bastante calma o Kelvin me ensinou. Mesmo que eu demore para conseguir fazer o que quero, eu não desisto”, afirma Nadir.

Kelvin já conhecia Nadir e pensou em fazer algo para facilitar a comunicação dela com a família. “Comecei a pesquisar algum produto específico ou função no celular que pudesse ajudar a pessoas como a dona Nadir. Descobri a função do talkback (um software leitor de telas de celular), estudei, aprendi a usar e depois passei para ela”.

O engenheiro químico passou as lições de como desbloquear o celular e os comandos que Nadir deveria usar e ela treinava e mandava áudio de suas dificuldades pelo WhatsApp para Kelvin auxiliá-la. “Eu conheço a tecnologia, mas a dona Nadir nunca havia usado um celular como esse. Mas ela tem muita vontade de aprender e só impulsionei o potencial dela. Me imaginei na pele dela para poder ensinar. Fechava os olhos, mexia no celular e ia percebendo a dificuldade que ela teria”, conta Kelvin. “A gente fica muito preso à rotina e sair um pouco dela para ajudar outra pessoa é bem gratificante”.

Milena Nandi – Assessoria de Imprensa, Comunicação e Marketing

Fonte: AICOM - Assessoria de Imprensa, Comunicação e Marketing

03 de março de 2020 às 11:31
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