Setor de Apoio à Captação de Recursos

Debate: Finep avalia Programa de Subvenção à Inovação

Passados três anos do primeiro edital do Programa de Subvenção Econômica à Inovação, a Finep promoveu, de 25 a 27 de novembro, um seminário para avaliação dos resultados do novo instrumento de apoio à inovação. O Programa, que entrou em operação no final de 2006, prevê a aplicação de recursos não reembolsáveis em empresas que desenvolvam projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação.

"Foi uma ótima oportunidade para colhermos informações e compararmos o desempenho das empresas", diz Maurício Syrio,  chefe do Departamento de Acompanhamento da Finep. Neste primeiro encontro, que aconteceu no Espaço Cultural Finep, no Rio de Janeiro, foram avaliados os primeiros 26 projetos contemplados nos editais de 2006 e 2007 e que já receberam a última parcela dos recursos.

 

Um dos principais benefícios ressaltados pelos empresários foi que, ao serem selecionados pelo Programa de Subvenção, passaram a ter o status de empresa inovadora perante o mercado. "Na prática, isso significa passar uma imagem de empreendimento moderno e dinâmico, o que aumenta a possibilidade de conquistar clientes e firmar parcerias com outros empreendedores e instituições de pesquisa", explica Vittoria Cerbino, uma das coordenadoras do evento.

 

Segundo relatos feitos durante o encontro, os recursos também foram fundamentais para que as empresas não só conseguissem manter e ampliar o quadro de funcionários, como também aumentar sua fatia de mercado. A simples tarefa de precisar prestar contas periodicamente à Finep fez com que as empresas organizassem melhor a gestão e passassem a compreender a importância de ter foco no negócio e na estratégia empresarial. 

 

O prazo para conclusão das propostas qualificadas nos editais da subvenção é de três anos. Portanto, a Finep completa agora dois anos de liberação efetiva dos recursos. "Queremos consolidar a iniciativa e estamos abertos a receber sugestões que contribuam para a implementação de melhorias no processo", afirmou o presidente da Finep, Luis Fernandes.

 

Os dirigentes das empresas selecionadas para o seminário receberam, com antecedência, um questionário e um modelo para a apresentação. Durante os pronunciamentos, que tiveram duração de 25 minutos, puderam falar sobre os avanços alcançados e as dificuldades encontradas nas diversas fases de desenvolvimento do projeto e sistematização da aplicação das verbas. Os projetos estão distribuídos nas mais diferentes áreas do conhecimento, entre elas: tecnologia da informação, agronegócio, TV digital, nanotecnologia, defesa, esportes e construção civil.

 

O público, formado por técnicos da Finep, do Ministério da Ciência e Tecnologia e consultores externos, manifestou-se após cada apresentação. A partir dos relatórios e questionários entregues pelos empresários, a Finep irá gerar estatísticas para possibilitar análises quantitativas e qualitativas a  respeito do impacto do Programa de Subvenção nas empresas. "Queremos prestar contas à sociedade e ter a dimensão da importância que os recursos tiveram no desenvolvimento dos empreendimentos contemplados", afirma Maurício.

 

Até o momento, a Finep lançou quatro editais nacionais do Programa de Subvenção Econômica. Ao todo, foram aprovados até o momento 825 projetos que totalizam investimentos de cerca de R$ 1,5 bilhão. A última chamada de 2009, cujo resultado foi divulgado em dezembro, aprovou 261 propostas de um total de 2.558 inscrições.

 

"Se levarmos em conta o total de empresas apoiadas, o universo de 26 projetos analisados neste primeiro Seminário ainda é pequeno. Mas ficamos muito satisfeitos com o resultado, pois todas as empresas concluíram os projetos e cumpriram tudo o que foi acordado", afirma Vittoria. A ideia da Finep é promover periodicamente Seminários para acompanhar o desempenho das empresas apoiadas pelo Programa de Subvenção.

 

Projetos aprovados no edital de 2006 apresentam resultados

 

Com um apoio financeiro de R$ 1,4 milhão concedido pelo Programa de Subvenção Econômica da Finep, a Nanox  desenvolveu  nanoestruturas  com  propriedades antimicrobianas para aplicação em plásticos. Na prática, as superfícies revestidas com o material tornam-se imunes à ação de germes e bactérias. A tecnologia pode ser usada em diversos produtos,  como embalagens de alimentos, instrumentos hospitalares, geladeiras, entre outros. 

 

"Alfaces, por exemplo, duram até 15 dias a mais  se armazenadas em embalagens com a nanoestrutura", explica Luiz Gustavo, presidente da Nanox, empreendimento paulista fundado em 2005. Este ano, a empresa conquistou uma importante vitória. Após vencer uma concorrência disputada com uma empresa chinesa e uma americana, passou a revestir as geladeiras da Mabe, companhia mexicana de eletrodomésticos que, além de ser a maior exportadora do setor para os EUA, lidera os mercados da Venezuela, Colômbia, Equador e Peru.  Segundo Luiz, o material da Nanox mostrou-se o mais eficaz no combate às bactérias e, apesar disso, conseguiu ser 20% mais barato. "Desde julho exportamos para a Mabe e, até onde eu sei, é a primeira venda de nanotecnologia nacional para o exterior", diz Luiz.

 

O  crescimento do negócio tem  sido bastante promissor. Para  se  ter  uma  ideia,  em  2006 a Nanox faturou R$ 80 mil e, em 2009, só no primeiro trimestre, a receita alcançou R$ 1,2 milhão. A empresa deve  fechar o  ano  com um faturamento de R$ 2 milhões. "Os recursos que captamos junto à Finep  alavancaram  bastante o desenvolvimento da  empresa. Nossa equipe, por exemplo, passou de oito para 25 funcionários, dos  quais  60%  são mestres    e doutores", conclui Luiz.

 

Alta tecnologia em suspensão de bicicletas

 

A  Proshock  System,  empresa paulista fundada em 1993, recebeu cerca de R$ 700 mil do Programa de  Subvenção  Econômica para o desenvolvimento de um inovador sistema de suspensão para bicicletas.    Com  tecnologia  inédita  no Brasil, o "Garfo de Suspensão Dual Air" permite diversas regulagens, que ajustam o equipamento para trafegar em qualquer tipo de terreno e para ser usado por ciclistas de diferentes pesos.  O produto possui apenas concorrentes  importados, que chegam a custar mais do que o dobro do preço.

 

Segundo César Tonoli, engenheiro  responsável pelo projeto, o apoio da  Finep  foi  fundamental. "Para uma empresa de pequeno porte como a  Proshock, os  custos de realização de pesquisas e testes são altos demais. Não conseguiríamos apenas com recursos próprios", revela.

 

À venda desde 2008,  a  nova  suspensão  pode  ser encontrada em lojas especializadas em todo o território nacional. "Já conquistamos clientes também em países do Mercosul que fazem fronteira com o Brasil", comemora César. 

 

TV Digital: equipamentos com qualidade e menor preço

 

A Tecsys  teve dois projetos contemplados pelo Programa de Subvenção da Finep. Cerca de R$ 2,2 milhões foram destinados  ao desenvolvimento de um  conjunto Codificador-Modulador e de um Remultiplexador, ambos equipamentos utilizados pelas emissoras nas transmissões de TV Digital.

 

Em janeiro, os produtos começam a operar em caráter operacional na TV Aparecida, canal católico da cidade de Aparecida do Norte. "Nosso nicho são emissoras menores que necessitam de equipamentos compactos e assistência 24 horas, suporte rápido que não é oferecido pelos nossos concorrentes, todos importados", explica Rodolfo Vidal, diretor de tecnologia da Tecsys. Em todos os testes realizados, os produtos da empresa alcançaram o padrão de excelência exigido pelo mercado, com a vantagem de serem 30% mais baratos do que os similares. Os equipamentos já estão em análise na Agência Nacional de Telecomunicações e, em março, devem receber a certificação do órgão e terem a comercialização liberada.

 

Rodolfo ressalta que o apoio do Programa de Subvenção foi decisivo para o sucesso dos projetos. "De posse dos recursos, conseguimos finalizar os produtos e não chegaremos atrasados ao mercado, o que é o grande pesadelo das empresas inovadoras", comemora.

 

 

Fonte: Revista Inovação - janeiro de 2010 / PROTEC

http://www.protec.org.br/noticias.asp?cod=5270

 

09 de fevereiro de 2010 às 08:36
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