Centro Especializado em Reabilitação - CER II

Universidade realiza pesquisa sobre reabilitação de crianças com paralisia cerebral

Universidade realiza pesquisa sobre reabilitação de crianças com paralisia cerebral
Estudo foi realizado para Mestrado em Saúde Coletiva da Unesc (Foto: Milena Nandi) Mais imagens

A Unesc concluiu uma pesquisa científica sobre a eficácia do PediaSuit (uma vestimenta terapêutica ortopédica) na reabilitação de crianças com paralisia cerebral. O estudo realizado no CER (Centro Especializado em Reabilitação), localizado nas Clínicas Integradas da Universidade, foi desenvolvido como uma dissertação no PPGSCol (Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva). O trabalho trouxe evidências científicas de que o tratamento embasado pelo Protocolo PediaSuit pode potencializar a função motora grossa e o desempenho funcional da criança com paralisia cerebral.

O PediaSuit é uma vestimenta ortopédica composta por colete, calção, joelheiras e calçados especiais que são interligados por tiras elásticas. Ele ajuda a alinhar o corpo o mais próximo do funcional possível, restabelecendo a postura correta e a distribuição do peso. A roupa fica ligada a uma “gaiola”, onde fisioterapeutas ou terapeutas ocupacionais desenvolvem exercícios e atividades com os pacientes.

Comprovação científica

O trabalho foi realizado por uma equipe de profissionais vinculados ao CER/UNESC, e a fisioterapeuta e funcionária do CER Unesc Elaine Meller Mangilli utilizou a pesquisa para a sua dissertação “Efeitos Musculares do Protocolo PediaSuit em Crianças com Paralisia Cerebral Espástica”, defendida em março de 2017. Ela faz parte da equipe habilitada para desenvolver atividades terapêuticas utilizando o equipamento PediaSuit e conta que na literatura científica há poucas pesquisas que evidenciem os efeitos decorrentes deste equipamento no tratamento de crianças com disfunções motoras. Segundo Eliane, até então nenhum dos estudos faz referências as alterações fisiológicas do sistema muscular, ou seja, nenhuma pesquisa realizada anteriormente mostrava como os músculos dessas crianças se comportavam diante do tratamento de reabilitação utilizando o PediaSuit.

A dissertação foi orientada pela professora doutora Lisiane Tuon, que conta que até então o equipamento era usado de forma empírica. “Os profissionais usavam, viam o resultado, mas não sabiam como ele agia no corpo para chegar a esse resultado. Ele é um tratamento intensivo e as evidências clínicas de sua eficácia foram encontradas, tanto na avaliação clínica, como também em nível muscular, através de marcadores biológicos avaliados mediante exames de sangue”, explica Lisiane. A análise dos marcadores biológicos foi realizada pelo professor doutor do PPGCS (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde), Paulo da Silveira.

Pode ser alternativa para o SUS
A ideia da pesquisa surgiu de uma conversa entre Lisiane, que também é coordenadora do CER Unesc, com o presidente da Federação das APAEs do Estado de Santa Catarina, Júlio de Aguiar. “Hoje, o PediaSuit está disponível em algumas APAEs do Estado. A intenção é aprofundar a pesquisa e colaborar para que o tratamento seja incorporado pelo SUS e, assim, mais crianças possam ser beneficiadas e passem a ter condições de alcançar uma qualidade de vida melhor”, comenta a professora.

O que é PC
PC (Paralisia Cerebral) é qualquer distúrbio caracterizado por alteração do movimento e anormalidades neuropatológicas não progressiva do cérebro em desenvolvimento. Em boa parte dos casos, a paralisia afeta apenas a questão motora da pessoa, sendo que o desenvolvimento cognitivo ocorre normalmente. “A criança pode nascer com paralisia cerebral ou ter uma queda, por exemplo, e passar a ter. Ela é uma das doenças de maior incidência entre as crianças com incapacidades motoras. Pessoas com PC têm alteração do tônus muscular, alterações nos músculos e no esqueleto, dificuldade para executar movimentos voluntários e déficit no desenvolvimento das habilidades funcionais”, explica Eliane Meller Mangilli, a autora da pesquisa.

Como o estudo foi desenvolvido

Em seu estudo, a agora mestre em Saúde Coletiva, destaca que tratamentos intensivos de reabilitação como o Protocolo PediaSuit, vem sendo aplicados com o intuito de potencializar os ganhos motores e funcionais, apresentando-se como uma nova possibilidade de reabilitação, independência, qualidade de vida, autonomia e inclusão.

Para a pesquisa, Eliane acompanhou dez meninos e meninas dos 3 aos 12 anos, encaminhadas pelas APAEs da região, com problemas motores decorrentes da paralisia cerebral do tipo espástica (corresponde a até 70% dos casos. Neles, os músculos estão em contração contínua, e os movimentos executados pela criança são bruscos. Com o tempo a criança desenvolve deformidades nas articulações).

Os participantes do estudo passaram um mês sendo analisados. Cada um realizou cinco sessões por semana de quatro horas diárias (com apenas 15 minutos de pausa para um lanche) no PediaSuit. Ao todo, as crianças foram submetidas ao tratamento de reabilitação por 20 dias. Este é o procedimento estabelecido pelo Protocolo PediaSuit, que prevê que após esse período, as crianças passem as próximas duas semanas realizando os exercícios na “gaiola” por um tempo que some seis horas por semana.

Reabilitação na Unesc
A Unesc possui dois equipamentos PediaSuit. O primeiro foi doado pela APAE de Criciúma ao CER no final de 2015 e utilizado desde o início de 2016 para pesquisa e atendimentos. O segundo chegou à Unesc em 2016 por meio de fomento externo, a partir de um projeto elaborado pelo CER. Em cerca de um ano, 50 crianças fizeram o tratamento de reabilitação por meio do PediaSuit. A intenção é que em 2017 se inicie o trabalho com adultos com paralisia cerebral.

Como surgiu o PediaSuit
Em 1971, o “Penguin suit” foi desenvolvido pelo programa espacial da Rússia. Esta vestimenta especial foi usada pelos astronautas em voos espaciais para neutralizar os efeitos da ausência de gravidade sobre o corpo, como a perda de densidade óssea e problemas motores. Cientistas e especialistas em medicina espacial, depois de uma longa pesquisa, criaram este macacão com ação de carga, o que tornou, longas viagens ao espaço possíveis.

Anos depois terapeutas perceberam que a tecnologia poderia ser usada em pacientes com paralisia cerebral e outros problemas neurológicos. Nos anos 1990, uma clínica na Polônia desenvolveu o “Adeli suit”, a primeira roupa a ser usada em crianças com paralisia cerebral.

Em 2006 o equipamento PediaSuit foi desenvolvido pelo piloto brasileiro Leonardo de Oliveira e por terapeutas, nos Estados Unidos. O grupo desenvolveu PediaSuit com base no “Penguim suit” da Rússia, mas com adaptações e melhorias. Hoje, ele é o tipo mais moderno de macacão terapêutico ortopédico disponível.

Fonte: Setor de Comunicação Integrada

Por: Milena Spilere Nandi 21 de março de 2017 às 15:40
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CER inicia novo ciclo de “Rodas de Conversa”

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Iniciou  nessa  segunda‐feira,  dia  09  de  maio,  mais  um  ciclo  das  Rodas  de  Conversa  no  Centro  Especializado  em  Reabilitação  ‐  CER/UNESC. 

A  proposta  é  a  realização de encontros semanais, todas as segundas‐feiras, as 14h, nas dependências  do  CER  (sala  de  estudos)!!

Objetivando  a  troca  de  experiências  entre  profissionais,  cuidadores  (acompanhantes)  e  pacientes.  O  grupo  tem  como  foco  principal  a  interdisciplinaridade  do  cuidado  e  visa  a  melhora  no  tratamento  dos  pacientes  e  atenção aos cuidadores.  A  realização  dessa  atividade  é  uma  parceria  entre  a  Residência  Multiprofissional UNESC e a equipe do CER/UNESC.

Trabalhadores em saúde, participe você também desse grupo.

Data: Todas as segundas feiras

Local: CER/UNESC (Sala de Estudos – primeira sala, ao lado da recepção)

Horário: 14:00 horas.

 

Por: CER II 11 de maio de 2016 às 16:04
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