Centro Especializado em Reabilitação - CER II

Pacientes com Acidente Vascular Encefálico podem contar com a Unesc no processo de reabilitação

Pacientes com Acidente Vascular Encefálico podem contar com a Unesc no processo de reabilitação
Vicente dos Santos sofreu AVE recentemente e procurou a Unesc para dar continuidade ao tratamento (Fotos: Milena Nandi) Mais imagens

Uma em cada quatro pessoas terá um Acidente Vascular Encefálico (AVE) ao longo da vida. A doença, conhecida como derrame, é a segunda principal causa de morte no Brasil: 100 mil pessoas por ano, segundo o Ministério da Saúde, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares. A boa notícia é que cuidados relativamente simples ajudam a reduzir o risco de AVE. E no caso de quem já foi acometido pela doença, há tratamento acessível de maneira gratuita como o oferecido pelo Centro Especializado em Reabilitação (CER) da Unesc.

Nesta quinta-feira (29/10), ocorre o Dia Mundial de Combate ao Acidente Vascular Encefálico (AVE), data que tem a finalidade de conscientizar a população sobre as formas de prevenção da doença cerebral que mais mata no Brasil.

Atualmente, 90% dos 274 usuários do CER da Unesc, tiveram AVE. São pessoas como Vicente de Paulo Freitas dos Santos, de Criciúma, que sofreu um Acidente Vascular Encefálico há pouco mais de um mês. Aos 63 anos, o mestre de obras viu sua vida mudar totalmente e está tendo que reaprender movimentos.

Na manhã desta terça-feira (27/10), ele, a esposa Rosa Maria Destri Domingos e uma das quatro filhas, Leidy da Silva e mais dois netos estiveram no CER para dar início ao processo de reabilitação. “Ele levantou para trabalhar e eu ouvi um barulho na sala. Corri para ver e ele estava no chão e consciente. Fiquei muito assustada, mas lembrei de pedir para ele falar alguma coisa. Foi então que percebi que ele tinha sofrido um AVE”, conta Rosa Maria.

Em seguida, Vicente foi levado pelo Samu ao Hospital São José, onde foi atendido. No local, recebeu orientações de profissionais de Fisioterapia e Fonoaudiologia para que ela fizesse exercícios diário com o esposo. “A família toda está unida. Somos vários soldados vencendo batalhas todos os dias em prol da recuperação dele”, afirma. “Estamos confiantes que a melhora será maior a partir do tratamento aqui no CER”, complementa.

Como Vicente sofreu AVE há menos de dois meses, chegou ao CER por meio de um contato direto da família e com a alta hospitalar – após dois meses do AVE, o paciente entra em acolhimento no CER pelo SisReg (Sistema Nacional de Regulação, vinculado ao Ministério da Saúde), sendo encaminhado pela Unidade Básica de Saúde.

Na terça-feira, uma das profissionais do CER que acolheu Vicente e os familiares foi a enfermeira Maria Madalena Santiago. Ela explica que quanto antes o paciente for levado à reabilitação, maior as possibilidades de sucesso no tratamento. “Nos dois primeiros meses o paciente está em um período muito importante para reabilitação, onde conseguimos um resultado ainda melhor”, comenta.

Ao chegar no CER, a pessoa é atendida por dois ou três pessoas da equipe multiprofissional do CER (composta por enfermeira, fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, psicóloga, assistente social, nutricionista, médico neurologista, fonoaudióloga e médico ortopedista). “Depois de avaliarmos o paciente como um todo, vemos qual a necessidade dele e como ele está: se ficou sem fala, perdeu movimentos em alguma parte do corpo ou ficou com alguma mobilidade. A partir disso estabelecemos como será o tratamento para a reabilitação”. 

Importância da família

Segundo Maria Madalena, um dos pontos importantes para o sucesso da reabilitação dos pacientes com AVE é a família. “Um grande gargalo que temos hoje é a falta de continuidade dos estímulos e atividades em casa. Por isso é de extrema importância a família estar junto”, comenta. No entanto, a enfermeira chama a atenção ao fato de que o problema de saúde de um membro, acaba afetando a todos. Por isso o CER desenvolve grupos e uma rede de apoio também aos familiares.

Os usuários do Centro Especializado em Reabilitação da Unesc que sofreram AVE ficam geralmente de seis a oito meses em tratamento. Há alguns meses, aos serviços já oferecidos pelo CER a estes pacientes, a coordenação do local incluiu a aromaterapia ao tratamento. “Com a pandemia, verificamos um alto índice de estresse entre eles e decidimos incluir o atendimento nesta terapia complementar”, conta a coordenadora do CER, Mágada Tessmann.

O objetivo do trabalho multiprofissional desenvolvido é fazer com que o paciente alcance 100% de autonomia dentro de suas possibilidades e neste processo, uma das grandes aliadas é a Fisioterapia, que procura restabelecer a funcionalidade motora promovendo autonomia do paciente.

Casos de AVE aumentam na população jovem

Apesar de atingir com mais frequência quem está acima dos 60 anos, o AVE pode ocorrer em qualquer idade. Entre os pacientes atendidos pelo CER, houve um aumento de casos de AVE em pessoas entre os 35 e 45 anos, o que pode estar atrelado ao atual estilo de vida da população.  

O professor do curso de Medicina da Unesc, profissional do CER e médico neurologista, Eraldo Belarmino Júnior conta que a cada seis segundos, uma pessoa morre vítima de AVE no mundo. Além disso, atualmente, a doença é a principal causa de incapacidade. Unindo as informações contidas nestes dois parágrafos um sinal de alerta deve soar em cada um, chamando a atenção para a necessidade de, ao menos, avaliar o estilo de vida que estamos levando.

O AVE gera a interrupção da passagem do sangue no sistema nervoso central. Segundo o professor da Unesc, existem dois tipos de AVC: isquêmico e hemorrágico. O primeiro, causado por obstrução da circulação de sangue em um vaso no cérebro e o segundo, pelo rompimento de uma artéria cerebral, ocasionando sangramento.

“Sorria, Abrace, Música e Urgência”

O neurologista conta que nos serviços de saúde, especialmente o Samu, se trabalha com o lema “Sorria, Abrace, Música e Urgência”, para orientar a população sobre como detectar que outra pessoa está sofrendo um AVE. “Se a pessoa está um pouco confusa, peça para ela sorrir. Um desvio labial pode ser sinal da doença. Peça também para ela te abraçar. Se ela tiver perda de força ou dificuldade para movimentar o braço, pode ser AVE. Já no caso da musicalidade, peça para ele ou ela falar ou cantar e perceba se está com a fala enrolada ou arrastada. A partir do momento que você tem algumas dessas alterações, ligue para o Samu (192) pedindo ajuda para atendimento”, explica.

Outros sintomas como dor de cabeça forte de início súbito, vômitos em jato, tontura e perda de equilíbrio, dificuldade para engolir ou confusão mental podem estar associados à doença.

Belarmino afirma que quanto mais rápido for o atendimento, maior a possibilidade de minimizar as sequelas e prevenir a morte. “O quanto antes o paciente receber atendimento, melhor. Uma medicação que desfaz o trombo ou coágulo aplicada em até 4h30 após o início dos sintomas reduz o índice de mortalidade e o de sequelas. Se o caso for um vaso maior obstruído, há a possibilidade de procedimento neurocirúrgico. O ideal, neste caso, é que em até 6 horas esse paciente esteja recebendo atendimento adequado”, conta.

Acidente Vascular Cerebral e Covid-19

A Covid-19 tem influenciado diversos aspectos da vida das pessoas, e há uma relação entre a pandemia e os casos de Acidente Vascular Encefálico. Segundo o professor, com a necessidade de distanciamento social, fatores que contribuem para o aumento do AVE, como sedentarismo e má alimentação, aumentaram na população.

Além disso, evidências científicas sugerem que o novo coronavírus (Sars-Cov 2) infecta outros órgãos e pode afetar outros sistemas, sendo que doenças cerebrovasculares estão entre as complicações e comorbidades de pacientes infectados pelo vírus. Segundo o professor da Unesc, um estudo recente desenvolvido na China avaliou 214 pessoas com Covid-19 hospitalizadas e detectou que 36% destes pacientes teve manifestações neurológicas incluindo doença cerebrovascular aguda.



Principais dicas que ajudam a reduzir o risco de AVE:

Controle de hipertensão: metade de todos os AVEs está ligado à pressão alta.

Exercite-se de maneira moderada cinco vezes por semana: mais de um terço de todos os AVEs acontecem com pessoas que não se exercitam.

Tenha uma dieta equilibrada e saudável: quase um quarto de todos os AVEs está relacionado a má alimentação.

Reduza seu colesterol: um em quatro AVEs estão associados a altos níveis de colesterol LDL, o chamado colesterol ruim.

Mantenha um peso saudável: quase um em cada cinco AVEs estão relacionados ao excesso de peso ou obesidade.

Pare de fumar e evite ambientes onde fumam: quase um em cada dez AVEs estão relacionados ao fumo.

Reduza sua ingestão de álcool: mais de 1 milhão de AVEs cada ano estão relacionados ao consumo excessivo de álcool.

Identifique e trate fibrilação atrial: pessoa com fibrilação atrial têm cinco vezes mais chances de sofrer um AVE.

Trate o diabetes: se você é diabético, corre o risco maior de AVE.

Trate o estresse e a depressão: quase um em cada seis AVEs estão relacionados ao bem-estar mental.

Milena Nandi – Agência de Comunicação da Unesc

Fonte: AICOM - Assessoria de Imprensa, Comunicação e Marketing

28 de outubro de 2020 às 14:47
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Dois meses após lançamento, Ambulatório de Atenção à Pessoa com Fibromialgia da Unesc é ampliado

Dois meses após lançamento, Ambulatório de Atenção à Pessoa com Fibromialgia da Unesc é ampliado
Novo modelo envolve mais de 20 profissionais de nove áreas (Fotos: Leonardo Ferreira) Mais imagens

A Unesc busca excelência na implantação do Ambulatório de Atenção à Pessoa com Fibromialgia, e nesta quinta-feira (1º/9) concretizou mais uma ação para atingir este objetivo. Dois meses após o lançamento do espaço, e um mês do início dos trabalhos, a Universidade ampliou o projeto com a adição de novos profissionais e procedimentos para atender a grande demanda da região. O trabalho está sendo realizado junto à Câmara de Vereadores e Prefeitura Municipal de Criciúma. 

Entendendo a dimensão desta responsabilidade, o projeto foi apresentado no Auditório Ruy Hulse da Universidade com a presença de pessoas acometidas pela síndrome e lideranças comunitárias. “Percebemos, pelo número de pessoas que recorreram à Universidade, a necessidade de ampliar ainda mais o Ambulatório. Assim fizemos. A equipe foi reconstituída, ganhando importantes reforços que se somam aos profissionais que aqui estão. Nossa busca é pela excelência. Acreditamos que aqui, na nossa Unesc, estas pessoas terão o mais completo e humano acolhimento disponível para o tratamento desta síndrome”, evidenciou a reitora da Universidade, Luciane Bisognin Ceretta. 

Com uma média esperada de 300 atendimentos por mês, o Ambulatório está preparado para até 124 pacientes logo na primeira semana e poderá ser acessado em um ciclo de três etapas. A entrada será pelas UBS (Unidades Básicas de Saúde) de Criciúma, com encaminhamento a um serviço de apoio e diagnóstico e por fim o atendimento na Universidade. Com embasamento em estudos técnicos, Sandro Ressler, coordenador do espaço, explica que os pacientes serão categorizados entre grupos leve, moderado e grave, com tratamento específico para cada situação. 

Serão 12 semanas de tratamentos, com acesso a mais de 20 profissionais de  Fisioterapia, Enfermagem, Medicina, Psicologia, Educação Física, Terapia Ocupacional, Nutrição e Farmácia. Esta nova etapa do atendimento, que iniciou dentro do CER (Centro Especializado em Reabilitação) da Unesc e agora ganha uma nova dimensão com profissionais direcionados pontualmente para esta atuação, começará na segunda-feira (5/10) com atendimento em dias da semana entre 8 e 19 horas. “É uma ampliação deste trabalho, para atender o maior número de pessoas possíveis que necessitam de um cuidado especializado. Nosso objetivo é ir além de aliviar as condições de dores, e sim possibilitar uma efetiva atuação na vida social e profissional”, afirmou o coordenador.


Além dos serviços próprios do Ambulatório, o paciente poderá usufruir de toda a estrutura da Universidade, desde as Clínicas Integradas até a assistência social, garantindo que a atenção ao usuário do serviço seja completa dentro e fora da área da saúde. Exames também poderão ser feitos diretamente na Instituição, dando mais dinamismo e acessibilidade ao tratamento. Os que devem ser feitos fora da Universidade, conforme o secretário de Saúde de Criciúma, Acélio Casagrande, estão garantidos pelo poder público. “Com certeza este trabalho vai tirar a dor de muitas pessoas. Todos os exames necessários para o tratamento estão garantidos. Desde o exame laboratorial até a ressonância magnética”, frisou.

O dia a dia do fibromiálgico e a representatividade de um ambulatório  

O drama de quem convive com esta síndrome é diário. São dias e noites de dor, com mínimas possibilidades de tratamento em qualquer lugar do Brasil. Em Criciúma, mais de cinco mil pessoas são acometidas. No Sul do estado o número cresce consideravelmente. Entre esses pacientes está Cristina Valério. Ela sofre, há anos, de fibromialgia e descreve como uma angústia invisível, intensa e de difícil identificação. “Já ouvi que não teria tratamento disponível para mim, fui encaminhada para um psiquiatra, e posteriormente internada com depressão. Isso é um caso comum para quem convive com a fibromialgia, tanto que o que conseguimos aqui na Unesc hoje representa a esperança da qualidade de vida que um fibromiálgico tanto procura”, destacou. 

Cristina conhece a realidade desta síndrome por todo o Brasil por sua atuação na Anfibro (Associação Nacional de Fibromialgia).  Ela afirma que o apoio que as pessoas receberão no serviço será fundamental para evitar tragédias. “A rotina de dores acaba em tentativas contra a própria vida, muitas vezes. Esse acolhimento que a Universidade está fazendo com toda certeza garantirá a esperança de vida a quem tanto sofre”, afirmou. 

Ser tão comum, e ao mesmo tempo invisível, foi o que levou Rosimar da Silva a procurar o vereador de Criciúma e presidente da Câmara, Tita Belolli, como um último pedido de ajuda. Inicialmente tinha foco em auxílios específicos para o fibromiálgico. Em uma coincidência, o vereador Arleu da Silva já trabalhava em um projeto de lei nestes moldes.

Juntos, entendendo a dimensão deste desafio, os representantes da comunidade ampliaram a iniciativa e procuraram a Unesc. “Naquele momento questionei Rosimar sobre o tratamento em Criciúma. Sua resposta foi que não se encontrava nem aqui, nem em Santa Catarina e são pouco no Brasil. Logo pensei na Unesc. A resposta foi rápida e hoje vemos um grande projeto saindo do papel. Tenho certeza que este Ambulatório será referência nacional”, evidenciou Belolli.

Para os próximos meses, um Cartão da Pessoa com Fibromialgia está nos planos do projeto da Unesc, e ele poderá valor em conformidade com um projeto de lei já aprovado na Câmara e que garantirá que o paciente tenha acessos facilitados a serviços públicos e outros auxílios.


Leonardo Ferreira - Agência de Comunicação da Unesc

Fonte: AICOM - Assessoria de Imprensa, Comunicação e Marketing

01 de outubro de 2020 às 19:00
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