Direito

Número de mulheres nas profissões jurídicas cresce cada vez mais no Brasil

Número de mulheres nas profissões jurídicas cresce cada vez mais no Brasil
Dados foram apresentados durante a Aula Inaugural do curso de Direito (Fotos: Mayra Lima) Mais imagens

"A Ordem dos Advogados do Brasil mostra que há 50% de mulheres entre a classe, isso aponta para uma mudança gradativa e constante na composição por sexo em todas as profissões jurídicas, porque se cada vez mais nós temos mulheres que estão ocupando esse espaço, e a tendência é ultrapassar esses 50%, se espera que nós tenhamos mais juízas, mais membros do ministério público, mais delegadas de polícia, e assim por diante”. A fala é da professora doutora da Universidade de Brasília e ex-vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko Volkmer de Castilho. Com a temática “Mulheres e Carreiras Jurídicas”, Ela apresentou um panorama nacional sobre o assunto aos estudantes e professores do curso de Direito da Unesc, durante a Aula Inaugural.

Segundo a professora, a CBO (Classificação Brasileira de Ocupações), do Ministério do Trabalho, diz que as profissões de ingresso exclusivo para formados em Direito são divididas em seis grandes famílias ocupacionais: magistrados, advogados, procuradores e advogados públicos, membros do ministério público, delegados de polícia e defensores públicos e procuradores de assistência judiciária, e tabeliões e registradores.  

Dentro dessas profissões, no Brasil, e nos países em geral, eram exercidas majoritariamente por homens ou até mesmo exclusivamente. Isso começou a mudar não faz muito tempo. “Em nosso país você começa a perceber a entrada das mulheres nas profissões jurídicas a partir do final dos anos 70, eu, por exemplo, entrei no concurso do Ministério Público Federam em 1975, mas essa entrada das mulheres só se acentuou a partir dos anos 90, isso não faz muito tempo”, comentou.

Reflexão necessária

Este é o segundo ano que Direito faz a sua Aula Inaugural para marcar o início de um semestre letivo no Dia Internacional da Mulher. Segundo o coordenador do curso, João Carlos de Medeiros Júnior, a escolha parte da necessidade de reflexão sobre temas envolvendo as mulheres. “Quando falamos em discriminação, infelizmente, falamos de intolerância. Se existe com as mulheres, é porque também existe com pessoas com menos condições financeiras, com negros, índios, em função de orientação sexual, da identidade de gênero, devido a religião. Mas cabe pensar o seguinte: estamos no mesmo planeta e somos todos da mesma raça, a humana. Então vale olharmos para dentro de nós e para o outro. Em essência, somos iguais”.

A coordenadora adjunta do curso, Márcia Piazza, lembrou da importância de debater a mulher na carreira jurídica. “A mulher não quer ser mais ou menos. Ela quer representatividade e respeito”.

O vice-reitor da Unesc, Daniel Preve, afirmou que eventos como o de hoje são importantes para a formação acadêmica e cidadã e que todos os profissionais do Direito têm responsabilidade social de colaborar com a transformação de realidades. Segundo ele, falar sobre o tema mulher vem ao encontro de uma realidade vivida. “Hoje, 64% dos estudantes de Direito da Unesc são do sexo feminino. No Brasil, elas correspondem a 56% do total de acadêmicos no curso de graduação de Direito e 52% nas Instituições de Ensino Superior. No entanto, 70% das mulheres brasileiras sofreram ou vão sofrer algum tipo de violência física ou moral. A educação é primordial no sentido de trabalhar a conscientização e mudar paradigmas”.

Homenagem

Uma surpresa. Durante a aula inaugural, o curso de Direito da Unesc proferiu uma homenagem a reitora, Luciane Cereta, primeira reitora mulher da Universidade. Uma placa, e um vaso de orquídeas foram entregues pela professora Marcia Piazza. “Sensibilidade para escutar, sabedoria para analisar e coragem para tomar decisões, no tempo certo. Essa é a chave do sucesso, para homens e mulheres. Eu sonho em um dia não precisarmos ter um dia específico da mulher para debater questões como essa. Sonho em que haja apenas a comemoração ao ser humano, em sua total igualdade”, ressalta a reitora.

Representação

Durante a palestra da manhã, representantes da sociedade também deram suas contribuições ao debate. O comandante do 9º Batalhão da Polícia Militar, Evandro Fraga, falou sobre a Rede Catarina de Proteção à Mulher e a Patrulha Maria da Penha, que tem agido para proteger a mulher em casos de violência doméstica.

A presidente do Conselho Municipal de Direitos das Mulheres, Maria Estela Costa da Silva, falou sobre o trabalho do conselho, as parcerias com outras entidades e as dificuldades e luta das mulheres negras na sociedade. A presidente da Subcomissão da Mulher Advogada da OAB/Criciúma, Rosana Guimarães Corrêa convidou mulheres e acadêmicos para participarem dos trabalhos e comissões da Ordem.

Os estudantes também tiveram participação no evento. Representados pelo presidente do DCE, Alexandre Bristot, pelo presidente do CA de Direito, Marcos Meller e pela vice, Amanda Costa Milan.

Fonte: Setor de Comunicação Integrada

08 de março de 2018 às 21:54
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