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Mãos amigas na jornada da reabilitação

Mãos amigas na jornada da reabilitação
CER Unesc atende pessoas com deficiência física e intelectual (Fotos: Milena Nandi) Mais imagens

Cada movimento, uma vitória. É assim que Alexandra Gonçalves, 38 anos, de Araranguá, encara a sua reabilitação. Há oito meses ela viu sua vida mudar completamente após um acidente de moto, que causou uma lesão medular temporária e a impediu de seguir sua rotina diária de dona de casa, esposa, mãe e profissional. “Ainda não consigo ficar em pé. Estou reaprendendo a andar e cada vez que consigo fazer algo novo, tenho mais certeza de que vou voltar a andar. Não sei quanto vai demorar, mas sei que vou conseguir”, afirma. Alexandra é uma das cerca de 400 pessoas com deficiência física, intelectual ou ostomizada atendidas todos os meses pelo CER (Centro Especializado em Reabilitação) da Unesc (Universidade do Extremo Sul Catarinense), em Criciúma.

Há cinco meses, todas as segundas, terças e sextas-feiras, Alexandra, acompanhada pelo filho Luiz Carlos, 13 anos – o mais novo de cinco – vai até as Clínicas Integradas da Unesc, onde funciona o CER. O acidente causou um choque na medula de Alexandra, quebrou oito ossos de costela, a fez passar por cirurgias, ficar 20 dias no hospital e colocar platina na coluna.

Alexandra, que já foi agricultora e costureira, trabalhava como açougueira em um mercado antes do acidente e precisou que o marido e os filhos adaptassem a casa da família para ela pudesse se locomover melhor com a cadeira de rodas. Aliás, a família dela é sua grande aliada na reabilitação. “Acompanho no que ela precisa fazer, faço comida, limpo a casa. É só um período. Ela vai se recuperar”, afirma Luiz Carlos.

A açougueira é atendida por uma equipe multiprofissional, da qual faz parte a técnica de Enfermagem e acadêmica do curso de Enfermagem da Unesc, Eliane Monteiro. Após oito anos atuando no cuidado de pessoas em hospitais e clínicas de Criciúma, ela começou a trabalhar no CER Unesc. “Aqui consigo ir além e vejo que posso fazer mais pelas pessoas. Criamos laços de companheirismo e amizade com os pacientes. É uma troca enriquecedora e é emocionante ver a garra destas pessoas”, comenta.

Segundo Lisiane Tuon, coordenadora do Centro Especializado em Reabilitação da Unesc, o foco do local é a funcionalidade do paciente, para que ele consiga se reinserir na sociedade. Ela explica que a avaliação de cada caso é feita por uma equipe multiprofissional e que os pacientes ficam no CER por no máximo um ano – o projeto tem como característica atender por um período determinado, possibilitando que mais pessoas possam usufruir do local. “O grande diferencial do CER é o acolhimento. As pessoas têm que se sentir bem e estimuladas a continuar o tratamento e se superar. Nosso atendimento é humanizado e a equipe trabalha de forma integrada. Cada pequena conquista é uma vitória coletiva”, comenta ela, lembrando que tanto adultos quanto crianças são atendidos.
   
Bombeiro aposentado leva sorrisos

Um exemplo do que Lisiane mencionou ocorre com o sub-tenente do Corpo de Bombeiros aposentado, Silvino Silvestre, 68 anos, de Criciúma. Diagnosticado em setembro de 2014 com ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica, provocada pela degeneração progressiva de neurônios, a doença provoca limitações motoras, mas o portador preserva sua capacidade intelectual e cognitiva), ele raramente tira o sorriso do rosto e vibra a cada novo movimento.

Um deles ocorreu durante o atendimento com a fonoaudióloga Ana Júlia Rosa. Silvestre conseguiu encher um balão, e demonstrou que segue a risca os exercícios passados como “tarefa de casa”. “É muito gratificante ver o crescimento de cada um que passa por aqui. Isso é resultado de uma combinação de ações no tratamento. O trabalho com o fisioterapeuta, com o terapeuta ocupacional e com o psicólogo, por exemplo, surte efeitos no meu dia a dia”, afirma Ana Júlia. “E o seu Silvestre é uma pessoa que traz muita alegria para todos”, complementa.

No mesmo dia que conseguiu encher o balão, Silvestre digitou algumas das recomendações que deve seguir para continuar o tratamento em casa. Aliás, a atuação do CER vai além dos muros da Universidade. Segundo Ana Júlia, os profissionais realizam visitas na residência dos pacientes e nas escolas em que as crianças atendidas estudam, para checar a adaptação do local às necessidades destas pessoas.

Três vezes por semana, Silvestre vai à Unesc para receber atendimento e é acompanhado pelo filho mais velho, Júlio César Silvestre Silvério, 46 anos. Sem poder andar, ele, que trabalhou por 30 anos no Corpo de Bombeiros, diz que ainda é difícil lidar com a nova condição, mas é grato pelo apoio e cuidados da família e dos profissionais de saúde, tanto do CER quanto de outros locais nos quais realiza tratamentos. “Sou muito bem tratado e passo horas agradáveis aqui. Acredito que há uma mensagem por trás de tudo isso que está acontecendo comigo. Da minha parte, é continuar lutando e aproveitando os momentos que vivo”, comenta.

CER Unesc

O CER Unesc funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 20 horas. Por mês, cerca de 400 pessoas passam pelo local, sendo que destas, 180 realizam tratamento cerca de três vezes por semana. O Centro foi inaugurado há oito meses e já foi reconhecido pelo trabalho desenvolvido com o Prêmio Mérito Lojista, entregue em novembro de 2014 pela CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Criciúma. O Centro da Unesc foi vencedor na categoria “Inovação do atendimento a serviços de saúde”.

O enfermeiro do CER, Diogo Copetti Silveira, explica que o atendimento é feito pelo SUS e que o projeto foi criado pelo Ministério da Saúde e iniciou em 2009. Hoje, há 122 Centros em todo o Brasil e os pacientes chegam encaminhados pelas secretarias de Saúde dos municípios. O CER da Unesc atende pessoas de 27 municípios da Amrec e Amesc.

Segundo Silveira, ao chegar, o paciente é encaminhado para uma entrevista com um profissional de Enfermagem, que faz uma análise do caso, discutindo sempre com os demais profissionais da equipe. “Conversamos com o paciente e com o seu familiar, avaliamos qual a patologia e como podemos desenvolver o tratamento da melhor maneira possível. Temos como princípio básico atender bem e nos colocar no lugar deles. Antes de tudo, o atendimento tem que ser humanizado”, afirma.

A equipe do CER Unesc é formada por médico especialista em ortopedia e traumatologia, médico especialista em neurologia, fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, enfermeiro, técnico em Enfermagem, fonoaudiólogos e psicólogos. O local oferece avaliação multiprofissional, atividades complementares e atendimento familiar, individualizado e em grupo. O local atende pessoas com autismo, com deficiência intelectual leve e moderada, ostomizada, com lesão medular, com traumatismo crânioencefálico, com paralisia cerebral, com amputação e com deficiência congênita, adquirida, hereditária ou com doença rara.

Fonte: Secom

20 de janeiro de 2015 às 14:34
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