Ciência Unesc

Pesquisa: um dos pilares de destaque na Unesc

Prof. Dr. Ricardo Pinho (professor e Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão)

   

"A Pesquisa é uma atividade acadêmico-científica que, conjuntamente com o Ensino e com a Extensão Universitária, constitui os pilares da Educação Superior em uma Universidade. Nestes 45 anos de história, a Unesc vem se destacando local, regional e nacionalmente pela qualidade que seus formandos formados vêm apresentando no mercado de trabalho, também pelo reconhecimento concebido a partir das diversas atividades de extensão desenvolvidas interna e externamente, em especial, à população carente de Criciúma e região. Inúmeros exemplos de inserção e assistência social ou de ação comunitária podem ser destacados, os quais motivaram o devido reconhecimento e fazem da Unesc uma instituição eminentemente comunitária.
   

Indissociável do ensino e da extensão, a pesquisa desenvolvida na Unesc também tem se tornado uma referência e se destacado nacional e internacionalmente. Vale a pena lembrar o conjunto de prêmios e de posições de destaques em diversos Rankings. Em 2010, de acordo com o Ranking Ibero-Americano SIR (Scimago Institutions Rankings) a Unesc ocupou o 1º lugar em publicação científica entre as universidades catarinenses não estatais. Já em 2012, a Unesc figurou entre as 20 universidades brasileiras não estatais e a décima melhor universidade privada brasileira em publicação científica (SIR e Ranking Universitário Folha). A Unesc ainda ficou na 15ª posição entre as universidades privadas e em 68ª, quando contabilizadas todas as IES brasileiras (públicas e privadas). Em 2013, novamente a Unesc se projeta no cenário educacional e científico brasileiro pelo seu desempenho em pesquisa.  A Universidade aparece numa das reportagens da Folha de São Paulo, do dia 22 de abril de 2013, como a quarta instituição brasileira com mais citações proporcionais ao número de publicações em trabalhos científicos, deixando para trás instituições renomadas como USP, Unicamp, PUCRS, UFRGS, UFMG, UFRJ e UFSC, entre outras. A reportagem da Folha de São Paulo faz menção ao aumento da produção científica brasileira, mas aponta para uma queda no índice de qualidade, determinado pelo número de vezes que cada artigo é citado por outros cientistas (o chamado "índice impacto"). A Unesc, porém, é uma das universidades que influencia para cima, tanto em quantidade como em qualidade. As informações foram coletas pela Folha a partir da base aberta de dados Scimago (alimentada pela plataforma Scopus, da editora de revistas científicas Elsevier) e do Ranking Universitário Folha 2012.
 

Além da presença constante nos rankings, pesquisadores da Unesc também têm se destacado, sendo reconhecidos pela concessão de prêmios pelas entidades científicas. A exemplo, dentre tantos já conquistados, por quatro anos consecutivos (2009-2012), pesquisadoras da Unesc conquistaram o Prêmio L'Oréal/ABC/Unesco para mulheres na ciência. Fato inédito para as Universidades Brasileiras.

Esses resultados mostram o compromisso da Universidade em valorizar e apoiar a produção de alto valor científico, como também os investimentos que a instituição tem feito nos últimos anos na forma de fomento para atividades de pesquisa, destinação de horas para o pesquisador, contratação de novos pesquisadores, criação e apoio aos programas stricto-sensu (mestrados e doutorados), apoio aos grupos de pesquisa, criação e manutenção de infraestrutura, fortalecimento da iniciação científica, apoio à capacitação e à participação em eventos e apoio na veiculação da produção nos diversos periódicos científicos.

Fazer da Unesc uma instituição universitária de referência dentro do cenário atual de elevada competitividade não é uma tarefa fácil, muito menos de poucos. É necessário o olhar atento dos gestores, o empenho e o compromisso de cada estudante, de cada professor e de cada funcionário a exemplo do que vem acontecendo nestes anos, como também do apoio e da efetiva participação da comunidade, dos setores produtivos e dos poderes públicos. Somente assim é possível ter uma Universidade comunitária consolidada, sólida em seus princípios e valores, voltada para a vida e para o desenvolvimento sustentável da nossa região".

Por: Davi Carrer 25 de abril de 2013 às 11:12
Compartilhar Comente

Laboratório de Fisiologia e Bioquímica do Exercício: 10 anos de contribuição com o desenvolvimento científico da Unesc

Ricardo Pinho (fundador e coordenador do Lafibe)

"Nesse ano, o (Lafibe) Laboratório de Fisiologia e Bioquímica do Exercício, completou 10 anos de existência. Ele iniciou suas atividades em março de 2003, vinculado ao PPGCS (Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde), com o objetivo estudar as alterações bioquímicas e moleculares decorrentes do exercício físico, frente às doenças crônico-degenerativas e à performance atlética. Como também, formar alunos de graduação na IC (Iniciação Científica) e pós-graduandos capacitados a atuar com excelência na pesquisa e no Ensino Superior. Desde sua criação o Lafibe vem se consolidando como centro de pesquisa de referência na área do exercício físico. Nesses 10 anos o Lafibe desenvolveu inúmeras atividades de formação, capacitação, extensão e principalmente de pesquisa. Promoveu seminários, workshops, palestras e cursos. Mais de 60 estudantes de IC passaram pelo Lafibe, em sua maioria, estão em programas de pós-graduação espalhados pelo Brasil e ainda, muitos com seu mestrado e doutorado concluídos, atuando em diversas instituições de educação superior. Na pós-graduação, foram 28 mestres e cinco doutores formados e seis mestrandos e sete doutorandos em andamento. A produção científica do Lafibe tem se consolidado nacional e internacionalmente.  Foram 117 títulos publicados em periódicos nacionais e internacionais, além de artigos e resumos em anais de eventos, dezenas de apresentações de trabalhos em eventos científicos, livro e capítulo de livros, palestras e conferências entre outras produções.

Para tanto, vários são aqueles que direta e indiretamente tem contribuído para o sucesso do Lafibe, a iniciar pelos professores/pesquisadores que por ali passaram ou que permanecem na condução do laboratório: professor doutor Ricardo Pinho (2003 - até a presente data), professor doutor Claudio Souza (2008 - até a presente data), professor doutor Gaspar Chiappa (2009 - 2011), professor doutor Fábio Lira (2012), professor doutor Nelo Zanchi (2013). Vários também foram ou são os professores colaboradores que pertencem a diversos centros de pesquisa, tanto da Unesc, quanto de outras instituições nacionais e internacionais, pós-graduandos (mestrandos e doutorandos), pós-doutorandos e especialmente dezenas de estudantes de IC, que são a alma e a essência do sucesso do Lafibe. Também cabe destacar os funcionários de vários setores da Instituição que de seu modo, muitas vez simples e humilde, porém não menos importante, é imprescindível para o sucesso da pesquisa em nosso laboratório. O PPGCS que tem alcançado patamares de excelência reconhecidos internacionalmente e a UNA SAU (Unidade Acadêmicas em Ciências da Saúde) sempre tem apoiado incondicionalmente e destacado a pesquisa dos grupos vinculados a ela, como essenciais para formação acadêmica. As instituições de fomento como a Fapesc, Capes, CNPq e Finep foram e são fundamentais, dada suas importantes formas de fomentar os diversos projetos executados. Por fim, a Unesc, uma Instituição que prima pela excelência nas atividades que exerce e que colocou a pesquisa como uma de suas prioridades e para isso tem investido substancialmente na no quadro pessoal, na infraestrutura, no suporte técnico e no fomento com recursos próprios.  Tomados em conjuntos, todos esses agentes foram e são imprescindíveis para o sucesso que alcançamos. A todos, nosso muito obrigado".

Por: Davi Carrer 21 de outubro de 2013 às 11:10
Compartilhar Comente

Fenilcetonúria como causa de Deficiência Intelectual: Conhecer bem para tratar melhor

Patrícia Fernanda Schuck (professora da UNA SAU)

"Deficiência Intelectual (DI) sem causa aparente tem se tornado uma grande preocupação de saúde pública, afetando aproximadamente 3% da população pediátrica mundial. É a terceira condição neurológica mais prevalente, atrás apenas de paralisia cerebral e epilepsia. No entanto, apesar dos grandes avanços na área de neurologia, muitos pacientes continuam sem diagnóstico. Identificar as causas da DI é um grande desafio, especialmente considerando as várias doenças ou fatores ambientais que podem levar a essa condição. Nesse contexto, estudos recentes demonstram que alterações genéticas são causas frequentes de DI, sendo identificadas em aproximadamente 50% dos pacientes acometidos por DI.

Erros inatos do metabolismo, também conhecidos como doenças hereditárias do metabolismo, são doenças genéticas crônicas que podem apresentar o início das manifestações clínicas em qualquer idade, no entanto, é o surgimento desses sinais no período neonatal ou na primeira infância. Nos erros inatos do metabolismo, ocorre a deficiência ou ausência de uma proteína, geralmente uma enzima, levando à diminuição dos níveis plasmáticos e teciduais de substâncias importantes para o metabolismo normal e/ou ao acúmulo de outras potencialmente tóxicas para o organismo. Isoladamente, são doenças raras e pouco conhecidas, com uma prevalência individual que pode variar entre 1:6.500 a 1:500.000 recém-nascidos, sendo, dessa forma, muitas vezes negligenciadas e subdiagnosticadas. Entretanto, quando tomadas em seu conjunto, são bastante comuns, afetando aproximadamente 1 a cada 500/1.000 nascidos vivos. Muitas dessas doenças podem ser tratadas com controles dietéticos rígidos e/ou fórmulas alimentares específicas para cada doença, através da restrição da ingestão dos precursores de metabólitos tóxicos. Outras, no entanto, apesar da possibilidade de diagnóstico nos testes de triagem neonatal em alguns países do mundo, não são investigadas nesses exames devido à inexistência de tratamento eficaz disponível.

As manifestações clínicas dos erros inatos do metabolismo são inespecíficas e se confundem, muitas vezes, com outras doenças mais comuns, fator que colabora para o diagnóstico errôneo deste grupo de doenças. Pacientes afetados por erros inatos do metabolismo podem apresentar episódios recorrentes de descompensação metabólica, com alterações em múltiplos órgãos, sintomas neurológicos agudos ou progressivos e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, além de apresentarem, frequentemente, problemas comportamentais e de aprendizado.

Na última edição do livro The Metabolic and Molecular Bases of Inherited Disease, considerado a principal literatura científica relacionada a estas doenças, mais de 500 erros inatos do metabolismo diferentes foram descritos, sendo apontadas, inclusive, as causas bioquímicas que levam a cada um desses. Alguns deles podem ser diagnosticados nos programas de triagem neonatal de diferentes países, mais conhecido no Brasil como "Teste do Pezinho". Desde a publicação da Portaria GM/MS nº 822, em 6 de junho de 2001, todos os estados brasileiros contam com pelo menos um Serviço de Referência em Triagem Neonatal, oferecendo este serviço gratuitamente a todas as crianças nascidas em território nacional para o diagnóstico de hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, hemoglobinopatias e fibrose cística – os testes diagnósticos disponíveis podem variar dependendo do estado. Além disso, também é possível pesquisar outros erros inatos do metabolismo em laboratórios especializados no país, como por exemplo, a deficiência da desidrogenase de acil-CoA de cadeia média (MCAD), a doença do xarope do bordo, a galactosemia e a frutosemia, dentre outras. Esses outros testes, porém, não são fornecidos pelo governo e, portanto, não são gratuitos. Diversos estudos relacionam a ocorrência de DI em erros inatos do metabolismo. Para se ter uma ideia desta interação, pesquisando-se em bases de dados internacionais, há mais de 7.300 estudos relacionando os temas “erros inatos do metabolismo” e “Deficiência Intelectual”. A primeira menção a essa interação foi feita, em 1968, por Charles Scriver (considerado até um hoje um dos grandes pesquisadores na área de erros inatos do metabolismo) e seus colegas, sugerindo uma possível relação entre DI e algumas doenças genéticas por eles estudadas, entre elas, a fenilcetonúria.

FENILCETONÚRIA

A fenilcetonúria, talvez o erro inato do metabolismo mais conhecido e estudado, é uma doença de herança autossômica recessiva, ou seja, é necessário herdar um gene alterado da mãe e um do pai para que a criança seja afetada. A doença é causada pela deficiência de uma enzima chamada fenilalanina hidroxilase, que é responsável pelo metabolismo da fenilalanina, um aminoácido essencial ao organismo. A fenilalanina está presente normalmente em nosso organismo e é de extrema importância para o bom funcionamento dele. Por se tratar de um aminoácido essencial, a fenilalanina deve ser obtida exclusivamente através da dieta, especialmente pelas proteínas. Uma pessoa saudável consegue metabolizar adequadamente este aminoácido, mas pessoas afetadas pela fenilcetonúria não conseguem. Consequentemente, ocorre um acúmulo desse aminoácido nos órgãos e tecidos destes pacientes, além de outros compostos formados a partir do metabolismo da fenilalanina. Um excesso de fenilalanina pode ser tóxico ao organismo, podendo causar danos irreversíveis aos pacientes.

A prevalência mundial da fenilcetonúria é de aproximadamente 1 a cada 10.000 neonatos. No Brasil, a prevalência, segundo dados do Ministério da Saúde referente ao ano de 2007, é estimada em 1 a cada 23.000 nascidos vivos. Atualmente, pode-se diagnosticar a fenilcetonúria no Teste do Pezinho simples, independentemente do estado brasileiro. É importante salientar que esse teste deve ser realizado nos primeiros dias de vida da criança, pois, se diagnosticada precocemente, pode-se prevenir muitos dos danos neurológicos que podem acometer os pacientes afetados pela fenilcetonúria. Entretanto, se não for diagnosticada precocemente ou se a doença não for tratada adequadamente, o paciente pode apresentar sequelas graves por toda sua vida. O tratamento dietético da fenilcetonúria baseia-se na restrição de proteínas que contenham fenilalanina na alimentação e o uso de fórmulas específicas para cada idade do paciente, e deve ser realizado por toda vida. Atualmente, podem ser encontrados, inclusive, livros de culinária dedicados exclusivamente a fornecer receitas adequadas para pacientes fenilcetonúricos. Por outro lado, como há a necessidade de se reduzir ao mínimo necessário a fenilalanina proveniente da dieta, deve-se suplementar a dieta com proteínas ricas em substâncias derivadas da fenilalanina e que, no caso dos afetados pela fenilcetonúria, não são produzidas. Exemplo maior destas substâncias é a tirosina, um aminoácido que, por ser formado a partir da reação catalisada pela enzima que está alterada na fenilcetonúria, encontra-se deficiente nos pacientes fenilcetonúricos. Ela é de extrema importância para o desenvolvimento adequado do cérebro e sua deficiência pode ocasionar alterações cerebrais. À deficiência de tirosina também se deve a hipopigmentação da pele, dos olhos e dos cabelos dos pacientes, por isso geralmente os fenilcetonúricos têm pele, olhos e cabelos claros.

Do ponto de vista neurológico, os sinais e sintomas apresentados por pacientes acometidos pela fenilcetonúria se manifestam já nos primeiros meses de vida e incluem atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, irritabilidade, dificuldade de aprendizado, déficit de atenção, distúrbios comportamentais e hiperatividade. Entretanto, deve ser salientado que a principal e mais grave manifestação neurológica apresentada por estes pacientes é a DI, resultando em dificuldade para aprender, entender e realizar atividades que podem ser consideradas comuns para as outras pessoas.

POSSÍVEIS CAUSAS DA DI NA FENILCETONÚRIA

Diferentemente da DI provocada por outras etiologias, em que muitas vezes não se chega a estabelecer claramente a origem da deficiência, na fenilcetonúria sabe-se que o aumento de uma substância tóxica no cérebro dos pacientes, neste caso a fenilalanina, pode levar à DI e que o tratamento é capaz de prevenir os sintomas clínicos. De fato, a fenilcetonúria foi o primeiro erro inato do metabolismo em que foi identificada a relação entre o aumento de uma substância tóxica e o desenvolvimento da DI, sendo que, dos mais de 6.700 artigos científicos publicados sobre fenilcetonúria na literatura internacional, aproximadamente 730 relatam DI associada a essa doença. Atualmente, a fenilcetonúria é um dos erros inatos do metabolismo mais estudados e, nos dois últimos anos, o periódico Molecular Genetics and Metabolism, a publicação oficial da Sociedade para Doenças Metabólicas Herdadas (Society for Inherited Metabolic Disorders) publicou edições especiais abordando exclusivamente trabalhos relacionados à fenilcetonúria, incluindo revisões sobre os mecanismos de toxicidade que podem levar aos danos neurológicos observados nos pacientes, além de estratégias de diagnóstico e tratamento (Management of Phenylketonuria: Current Position, 2011 e Phenylketonuria, Psychology and the Brain, 2010). Entretanto, apesar da toxicidade da fenilalanina ser bastante conhecida até o momento, existem alguns poucos indivíduos afetados pela fenilcetonúria que, mesmo com um pobre controle da dieta e, consequentemente, com elevação crônica dos níveis plasmáticos de fenilalanina, parecem ficar livres de qualquer dano neurológico importante. Pode ser especulado que essa “proteção” ocorre ao nível da barreira hematoencefálica, que, como o nome diz, funciona como uma barreira e resguarda o cérebro da exposição a algumas substâncias potencialmente tóxicas que se acumulam na corrente sanguínea, como a fenilalanina em pacientes fenilcetonúricos. Essa proteção ocorre, pois a barreira hematoencefálica permite a passagem de algumas substâncias, incluindo alguns nutrientes essenciais, apenas com a participação de um transportador específico, resultando, assim, em um controle sobre a entrada destes compostos. No caso da fenilalanina, o transportador que atua é o transportador de aminoácidos longos de cadeia neutra que é capaz de transportar, além da fenilalanina, outros aminoácidos como a tirosina, o triptofano, a leucina, a isoleucina e a valina. Dessa forma, não se pode descartar que a diminuição nos níveis de outros aminoácidos neutros de cadeia longa no sistema nervoso central, como por exemplo, a tirosina e o triptofano, possa atuar também como um importante mecanismo fisiopatológico levando aos danos neurológicos observados em pacientes com fenilcetonúria, uma vez que estes aminoácidos, além de serem fundamentais para a síntese proteica, são também precursores de importantes neurotransmissores. Neste sentido, já foi descrita uma relação entre alterações na substância branca e déficits neurológicos específicos em crianças com fenilcetonúria, que resultariam de uma atividade da dopamina (um importante neurotransmissor) reduzida no córtex pré-frontal devida a dietas insuficientemente restritas em fenilalanina.

IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE NA PREVENÇÃO DA DI

Quase todos os indivíduos com fenilcetonúria clássica não tratados apresentam uma importante DI, geralmente com um quociente de inteligência (QI) menor do que 30. Foi também descrito que, a cada dez semanas de atraso no início do tratamento, um paciente pode perder, em média, cinco unidades de QI. O tratamento adequado com uma dieta com um baixo teor de fenilalanina mantém os níveis plasmáticos desse aminoácido na faixa 2-6 mg/dL até a adolescência, o que poderia eliminar virtualmente todos os efeitos adversos relacionados ao desenvolvimento intelectual. Neste sentido, foi recentemente descrito no editorial do periódico Molecular Genetics and Metabolism que “a combinação de detecção precoce ao nascimento e aderência a uma dieta com baixo teor de fenilalanina preveniu todos os casos de DI em crianças nascidas com fenilcetonúria”.

Entretanto, apesar de todos os esforços e da melhoria das fórmulas dietéticas com o passar do tempo, pode-se observar que mesmo os pacientes que seguem o tratamento ainda apresentam retardo no crescimento e DI. Seu QI, apesar de atingir valores normais, ainda é menor do que o de seus irmãos não afetados pela doença e o de seus colegas de sala de aula. Os pacientes fenilcetonúricos tratados frequentemente apresentam alterações no desenvolvimento de algumas funções neurológicas, levando a resultados insatisfatórios no desempenho escolar. Esses pacientes também podem apresentar ansiedade, depressão e baixa autoestima, além de outros transtornos psiquiátricos e comportamentais. Além disso, alguns sintomas específicos, como déficit nas funções executivas, de atenção e na habilidade visual-espacial, continuam sendo observados em alguns indivíduos que foram diagnosticados precocemente e mantidos em dieta continuamente, mas com níveis de fenilalanina moderadamente elevados. Esses achados estão de acordo com um estudo pioneiro publicado por Berman e colaboradores em 1966, em que foi postulado que: “Enquanto crianças fenilcetonúricas mostraram ganhos significativos na taxa de desenvolvimento e QI durante o tratamento dietético, o fato de que estas crianças não atingem taxas tão altas quanto seus irmãos não afetados sugere que alguns dos efeitos da fenilcetonúria continuam operativos mesmo quando os níveis plasmáticos de fenilalanina são controlados”.

Podemos, assim, concluir a partir destas informações que algum grau de reversibilidade dos sintomas neurológicos pode ser obtido através da implementação rigorosa da dieta restrita em fenilalanina, ainda que tardia. Estas observações não diminuem a necessidade da detecção precoce da fenilcetonúria, bem como do início imediato do tratamento dietético, mas fornecem uma esperança para todas as famílias que lidam com pacientes afetados pela fenilcetonúria.

CONCLUSÃO

Apesar dos esforços científicos no intuito de disponibilizar novas estratégias terapêuticas e das observações de que alguns dos sintomas apresentados por pacientes afetados pela fenilcetonúria são reversíveis mesmo com o início tardio do tratamento, algumas limitações sociais e intelectuais ainda são consideradas irreversíveis. Dessa forma, o diagnóstico precoce e a implementação imediata da dieta restrita em fenilalanina continua sendo o tratamento mais eficaz para fenilcetonúricos, sendo capaz de prevenir os principais achados neurológicos e a DI na maioria dos casos.


REFERÊNCIAS
SCRIVER, C.R.; BEAUDET, A.L.; SLY, W.S.; VALLE, D. The metabolic and molecular bases of inherited disease. New York: McGraw-Hill, 2001.
VAN KARNEBEEK, C.D.; STOCKLER, S. Treatable inborn errors of metabolism causing intellectual disability: a systematic literature review. Molecular Genetics and Metabolism, v. 105, n. 3, p. 368-381, 2011.
MONTEIRO, L.T.B.;, CÂNDIDO, L.M.B. Fenilcetonúria no Brasil: evolução e casos. Revista de Nutrição, v. 19, n. 3, p. 381-387, 2006.

Escrito para a revista DI, do Instituto APAE de São Paulo".

07 de novembro de 2012 às 16:35
Compartilhar Comente (1)

Doutorado em Ciências Ambientais: uma conquista da Unesc

Gildo Volpato (reitor e professor do PPGE)

"Um dos aspectos mais evidentes da natureza é seu caráter cíclico. Os ciclos se sucedem e o tempo determina a hora do plantio, da colheita, das flores, dos frutos e até dos espinhos. E assim parece ser na vida. “Depois da tempestade, vem a bonança”, deixaram dito os antigos, sabedores de que tudo tem seu tempo, seu momento, mas precisamos agir, tomar decisões, para que as coisas aconteçam a contento. O segundo semestre de 2012 vem sendo um tempo de fartura e boa colheita para todos nós que temos na Educação como um todo, e na Unesc, especificamente, um instrumento efetivo de desenvolvimento de nossa região. Alta colocação nacional do RUF (Ranking da Folha), vários cursos estrelados no Guia Abril, Prêmio L’Oreal, e agora mais uma ótima notícia: a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) aprovou nosso Doutorado em Ciências Ambientais. A partir de 2013 o PPGCA (Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais) da Unesc vai oferecer, além das vagas de Mestrado, oito vagas para alunos interessados em fazer um Doutorado.


Organizar e implantar um Doutorado (independente da área de conhecimento) indica um esforço e um grau diferenciado de produção de conhecimento. Fazer isso com a aprovação da Capes é sinal de excelência em qualidade. A aprovação desse Doutorado consolida ainda mais a Missão da Unesc de “promover a qualidade e a sustentabilidade do ambiente de vida”. Trata-se, também, do reconhecimento da qualidade acadêmica de nosso Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais. É o resultado do trabalho coletivo e da credibilidade científica conquistada pelos professores e pelos mestrandos do Programa, com o apoio de toda a comunidade acadêmica.


Com essa conquista a Unesc chega ao seu segundo doutorado (o outro é na área de Ciências da Saúde), além de quatro mestrados: Ciência e Engenharia de Materiais, Educação, Ciências Ambientais e Ciências da Saúde. A aprovação de mais um curso de doutorado na Unesc mostra a solidez acadêmica institucional e a maturidade científica de nossos pesquisadores. A cada ano a Unesc vem se consolidando como referência na pesquisa e pós-graduação. Poucas instituições atingiram, em tão pouco tempo de Universidade, um patamar de referência como esse.


Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais


Criado em 2001, o PPGCA já formou 116 mestres, sendo que atualmente conta com 34 mestrandos matriculados. O Programa conta com 12 professores doutores, os quais estão distribuídos em duas linhas de pesquisa: “Ambientes Naturais e Sociedade”, “Ambiente e Desenvolvimento”. A primeira tem como objetivo conhecer a dinâmica dos ecossistemas naturais, com ênfase na recuperação, conservação e utilização sustentável dos recursos naturais. Já a segunda linha estuda as interações entre sociedade e natureza, no sentido de contribuir e sugerir mecanismos capazes de viabilizar propostas para a solução dos problemas socioambientais do mundo moderno.


O PPGCA da Unesc tem parceria com instituições internacionais, como a Universidade de Los Lagos, do Chile; a Universidade de Waterloo, do Canadá, e o Instituto Politécnico de Tomar – Portugal.


Tendo em vista os problemas socioambientais locais, regionais e nacionais, o Doutorado em Ciências Ambientais da Unesc vai trabalhar principalmente com a questão “sustentabilidade”. A aprovação pela Capes do Doutorado é fundamental para o desenvolvimento e inserção regional da Universidade, enquanto instituição transmissora e geradora de conhecimentos. Parabéns para todos os envolvidos diretamente, professores e alunos do Programa, parabéns para a Região Sul, que só tem a ganhar com essa conquista".

19 de dezembro de 2012 às 10:10
Compartilhar Comente

Unesc realiza maior evento científico da região

Gildo Volpato (reitor e professor do PPGE)



"Teve início na segunda-feira e vai até sexta (26/10) o maior evento acadêmico da Unesc: a Semana de Ciência e Tecnologia. Em sua terceira edição, a Semana acontece desde 2010 e é o evento institucional de nossa universidade em comemoração à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, sendo promovida anualmente pelo Ministério de Ciência e Tecnologia. O objetivo do evento é dar visibilidade aos resultados das pesquisas acadêmicas e atividades de ensino e extensão incentivadas pelas políticas institucionais da Unesc.


É um espaço onde estudantes, professores, funcionários e gestores se unem em torno do Ser/Fazer Universidade, que é a produção e a socialização do conhecimento e a formação profissional por meio do ensino. É quando temos a oportunidade de vivenciar e compartilhar a formação da consciência crítica, geração de inovação, novos olhares e novas tecnologias orientados pela Missão institucional para a melhoria da qualidade de vida da população e do desenvolvimento sustentável de nossa região.


Durante a 3ª Semana de Ciência e Tecnologia serão realizados o 12º Seminário de Iniciação Científica, o 4º Salão de Extensão e o 2º Salão de Ensino. O tema central dessa edição “Economia verde: sustentabilidade e erradicação da pobreza” será contemplado na palestra com o professor doutor Fernando Cavalcanti Walcacer, vice-diretor do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC-RJ. Ao todo serão 25 palestras e mesas-redondas, com palestrantes internos e convidados externos, com os temas “Design e sustentabilidade”, “Projeto solidariedade”, “Recuperação de áreas degradadas”, “Crise econômica mundial e suas interferências: ecológicas, pedagógicas e sociais”, “Marketing verde”, “Instrumentos jurídicos para viabilizar a recuperação de áreas degradadas por mineração no município de Criciúma”, “Curta, compartilhe, siga: o poder e o perigo das redes sociais”, “Educação na sociedade digital: tecnologias, gerações Y, Z e segurança digital” e “Projeto de assistência judiciária aos(às) apenados(as) do sistema carcerário de Criciúma/SC”. Teremos ainda duas sessões de filmes, 35 minicursos, 14 oficinas com temáticas diversas e a apresentação dos resultados em pesquisa e extensão que totalizam cerca de 500 trabalhos aprovados. Há também as Sessões de Experiência de Ensino, que trazem as práticas pedagógicas de sucesso em sala de aula e que têm como público alvo o professor.


Paralelo à Semana aconteceu o concurso Jogada de Mestre, no qual professores do Ensino Médio das escolas públicas e privadas da região podiam inscrever as ações desenvolvidas com seus alunos. O objetivo principal do projeto foi incentivar as iniciativas inovadoras na área da educação. Um destaque especial à Feira de Economia Solidária PAES/Unesc que reúne cooperativas, associações e grupos de autogestão dos segmentos de agricultura familiar e artesanato. Outra atividade, desenvolvida pelo curso de Administração, apresentada na Semana é o projeto de extensão Mostra dos Inventores, que ocorre pela segunda vez e tem como objetivo: Capacitar alunos dos cursos profissionalizantes do Bairro da Juventude em empreendedorismo, passando pelas aulas teóricas e aulas práticas.


Como vemos, a 3ª Semana de Ciência e Tecnologia é um evento de caráter científico-acadêmico que demonstra essa estreita integração e interatividade que a Unesc mantém com a sociedade regional, cumprindo sua missão de “Educar por meio do ensino, pesquisa e extensão, para promover a qualidade e a sustentabilidade do ambiente de vida”.

24 de outubro de 2012 às 14:40
Compartilhar Comente