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Unesc inicia pesquisa em Criciúma para avaliação de transtornos psiquiátricos relacionados à Covid-19

Unesc inicia pesquisa em Criciúma para avaliação de transtornos psiquiátricos relacionados à Covid-19
Etapa inicial do estudo contará com a participação de pessoas da comunidade (Foto: Divulgação) Mais imagens

A pesquisa da Unesc que vai avaliar a saúde mental da população durante a pandemia teve, nesta segunda-feira (14/9), a primeira saída a campo para a coleta de dados. A partir desta semana, diariamente, a equipe de pesquisadores da Universidade estará visitando a casa tanto de pessoas que contraíram o Sars-CoV-2 nas últimas seis semanas, quanto de pessoas que não tiveram contato com o vírus. O objetivo das visitas é a coleta de amostras de sangue para análise e a aplicação de questionários para contribuir com informações para o estudo.

A pesquisa é realizada em parceria com a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), por isso, além de Criciúma, o município de Chapecó também fará parte da pesquisa. O estudo “Investigação de marcadores neuroinflamatórios e de dano neuronal e suas relações com transtornos neuropsiquiátricos em sujeitos positivos para Covid-19” foi um dos projetos de pesquisa da Unesc para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus e suas consequências contemplados pelo edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e ao Ministério da Saúde. Em Santa Catarina, a Unesc é a única Universidade Comunitária com projetos de pesquisa aprovados (dois no total).

Enquadrado na linha de pesquisa carga da doença, o estudo tem como coordenadora geral a professora doutora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Unesc, Gislaine Zilli Réus e a contribuição da professora doutora, pesquisadora e reitora da Universidade, Luciane Bisognin Ceretta. Na UFFS, a equipe será liderada pela professora doutora Zuleide Maria Ignácio.

Primeiros resultados em campo

Gislaine afirma que o primeiro dia da pesquisa em campo foi muito positivo para fazer todos os ajustes necessários para as coletas de dados que virão. Em relação à participação da comunidade, a professora comenta que em geral, muitas pessoas estão querendo participar, pois entendem a importância da pesquisa para a ciência e para a sociedade. “As pessoas que aceitam participar da pesquisa têm nos recebido muito bem em suas casas. Eu como pesquisadora e professora, fico imensamente feliz com cada pessoa que participa, cada um é muito importante para nossa pesquisa”, comenta.

Iniciativa tem o apoio popular

A moradora de Criciúma, Sirleia Miranda Pereira, foi a primeira participante da pesquisa. Ela conta que descobriu que estava com o novo coronavírus quando teve febre e foi ao pronto socorro. Após exames, veio o diagnóstico de Covid-19 e junto com ele, a insegurança. “Fiquei com muito medo. Sou paciente renal crônica transplantada e não sabia o que poderia acontecer”, conta. Sobre a pesquisa da Unesc, Sirleia considera importante iniciativas que possam colaborar com a saúde da população, especialmente neste momento de pandemia.

Piloto para avaliação da metodologia foi realizado

Na última quarta-feira (10/9), a equipe de pesquisadores da Unesc realizou um piloto para ajustar os últimos detalhes antes do início das atividades oficiais do projeto. Segundo Gislaine, é uma etapa é importante em todas as pesquisas, pois nela são feitos os processos e procedimentos que seriam realizados na pesquisa oficial. “Esses dados não entram oficialmente para a pesquisa, mas sim subsídio para qualquer ajuste necessário para a pesquisa oficial”, explica.

Nesta etapa de projeto piloto, o casal Marlene Borges Lima e Joventino dos Santos Lima, de Criciúma, contribuíram com o estudo, recebendo a equipe da Unesc em sua casa. Lima faz hemodiálise e o seu médico resolveu fazer o teste de Covid-19. O aposentado estava com o vírus e a esposa pegou também. “Tive dor de garganta e tremor de frio. Fiquei muito fraco e nem conseguia subir esse morrinho até o portão de casa. O nervosismo foi grande. Achei que não ia escapar porque sou do grupo de risco”, conta.

Marlene teve sintomas mais amenos que os do marido, mas a incerteza pelo que aconteceria e a dificuldade de não ver pessoas queridas também fizeram parte de seus dias. “Não pude ver meu filho, minhas irmãs e isso me afetou muito. Fiquei desanimada. Mesmo tendo cuidado, meu marido e eu pegamos e digo para todos que se cuidem ao máximo, porque esta doença precisa ser levada a sério”.

Como a pesquisa é feita

A professora da Unesc, Gislaine Zilli Réus, explica que a pesquisa é um caso-controle em que os casos são pessoas sintomáticas e assintomáticas positivas para Covid-19 e os controles são indivíduos negativos para o novo coronavírus. O estudo aplica escalas para avaliação da presença de estresse, depressão, ansiedade e transtornos do sono. Além disso, é investigado perifericamente marcadores de dano neuronal, bem como de inflamação, dano mitocondrial e microbiota intestinal, os quais também se relacionam com inflamação. Esses marcadores serão correlacionados com a ocorrência de transtornos psiquiátricos.

O estudo será feito com pessoas doentes que foram diagnosticadas nas últimas seis semanas. Já as pessoas que farão parte do controle, serão testadas para o vírus (os testes serão feitos pela própria Universidade). Gislaine explica que os pesquisadores estão ligando para agendar as visitas na casa dos indivíduos diagnosticados como positivos para a Covid-19. Para a parte do controle, a pesquisa aceita voluntários – os interessados devem entrar em contato pelos telefones (48) 3431-2618 ou 99807-2526.

Os participantes da pesquisa receberão a visita de dois profissionais ligados à Unesc: psicólogo do Programa de Residência Multiprofissional ou psiquiatra do Laboratório de Psiquiatria Translacional, para realizar as entrevistas e aplicar as escalas; e outro da área de Biomedicina ou Enfermagem para coletar o sangue, que servirá para análise da correlação do vírus com os transtornos mentais.

Também haverá coleta de fezes para a avaliar a microbiota intestinal e correlacionar os resultados com os transtornos psiquiátricos. “A ideia é usar várias escalas para avaliar pontos como depressão e ansiedade. A nossa hipótese é que o cenário da pandemia vai alterar de alguma maneira o cérebro, possivelmente a memória, o sono, o grau de ansiedade e estresse e até gerar depressão, não apenas em quem teve a doença”, afirma Gislaine. 

Segundo a professora, os resultados da pesquisa poderão trazer o entendimento de como o vírus afeta o sistema nervoso central, além de identificar a presença de transtornos que já são um problema de saúde pública. Além disso, as correlações entre os escores de transtornos e a expressão de marcadores biológicos serão relevantes, tanto para subsídio dos serviços de saúde, quanto para elencar novos estudos que apontem para possíveis tratamentos.

Universidade no protagonismo de ações no combate à pandemia

A professora doutora, pesquisadora e reitora da Unesc, Luciane Bisognin Ceretta, que também integra a equipe do projeto, afirma que o estudo é mais uma importante ação da Universidade que utiliza a ciência em favor da vida. Luciane lembra que ao longo da pandemia, a Instituição está sendo protagonista no enfrentamento ao vírus, realizando uma série de ações internas e com a comunidade, incluindo pesquisas desenvolvidas por professores e estudantes de graduação, mestrado e doutorado.

“Os resultados desta pesquisa serão de grande importância para apoiar decisões nas políticas públicas, bem como estabelecer novos alvos terapêuticos. Enquanto reitora estou orgulhosa de nossa universidade, mas enquanto pesquisadora estou convicta de que nosso grupo está produzindo ciência de excelência e contribuindo com a manutenção da vida. Isso tem muito valor e nos motiva a enfrentar estes tempos desafiadores buscando respostas às questões que ainda não conhecemos relacionadas aos transtornos neuroquímicos provocados pelo vírus”, salienta. A reitora lembra ainda a importância da parceria da Secretaria de Saúde de Criciúma para a realização desta pesquisa.  

Aprendizado em primeiro lugar

A enfermeira Luana Campos, participa do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva da Unesc e é uma das pesquisadoras do projeto. Para ela, poder compor a equipe é uma grande oportunidade de aprendizado. “Está sendo maravilhoso participar da pesquisa e aprender com profissionais tão incríveis e capacitados. A residência foi uma porta que me oportunizou um mundo de possibilidades de crescimento profissional, uma delas é adentrar ainda mais no mundo da pesquisa, em uma universidade que tem como pilares o ensino, pesquisa e extensão e que comprometidos com a população e comunidade acadêmica, executam tudo com tamanha excelência. A pesquisa será um marco e nos trará respostas a esse momento de tanta complexidade”, afirma Luana.

Participação internacional

Além da Unesc e da UFFS, a pesquisa científica terá a participação de instituições de outros países. A avaliação dos marcadores biológicos terá a parceria da MCGill Univesity, de Montreal, no Canadá e The University of Texas Health Science Center at Houston, nos Estados Unidos. Já a análise dos dados, terá a participação da McMaster University, do Canadá.

Na Unesc, o estudo será desenvolvido no Laboratório de Psiquiatria Translacional da Unesc por uma equipe multiprofissional, formada por estudantes e profissionais das áreas de Biomedicina, Enfermagem, Biologia, Psiquiatria e Psicologia, todos ligados aos PPGCS e ainda com contribuição dos participantes do Programa de Residência Multiprofissional da Universidade.

A investigação científica foi contemplada pelo CNPq com recursos que incluíram bolsas de apoio técnico, de iniciação científica e de estudos. A pesquisa ainda foi contemplada pelo edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Santa Catarina (Fapesc) com duas bolsas de pós-doutorado.

Milena Nandi – Agência de Comunicação da Unesc

Fonte: AICOM - Assessoria de Imprensa, Comunicação e Marketing

15 de setembro de 2020 às 17:03
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